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Fact Check Madeira

A via rápida é a “via mais perigosa de Portugal”?

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Foto DR

O despiste de uma viatura ligeira no túnel da Fundoa, na Via Rápida, no Dia de Natal, motivou diversos comentários nas redes sociais, como é habitual neste tipo de notícias.

Este acidente, que resultou em três feridos, causou bastantes constrangimentos na circulação automóvel naquela zona.

Despiste no túnel da Fundoa causa três feridos

Um outro acidente mobilizou equipas de socorro para a Estrada Comandante Camacho de Freitas, depois da rotunda da Fundoa

Marco Livramento , 25 Dezembro 2025 - 23:12

São várias as pessoas que opinam sobre o que terá originado o acidente, mas há um comentário que afirma o seguinte: “Não é via rápida!!! Chama-se a via mais perigosa de Portugal (coloquem os termos correctos) podem continuar a agradecer ao desgoverno da Madeira que nada faz para reduzir a sinistralidade”.

Será, então, a via rápida que liga o Caniçal à Ribeira Brava efectivamente a via/ estrada mais perigosa de Portugal?

Para apurar a veracidade desta afirmação é necessário verificar os dados da sinistralidade rodoviária em Portugal. A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), através do 'Relatório de Sinistralidade 24 fiscalização e contraordenações rodoviárias de Junho de 2025’, dá conta que entre Janeiro e Junho de 2025, foram registados 17.255 acidentes com vítimas, dos quais resultaram 195 vítimas mortais, 1.183 feridos graves e 20.240 feridos leves.

Já na Madeira contabiliza, até Junho deste ano, três vítimas mortais, 45 feridos graves e 557 feridos ligeiros.

Relativamente ao número de vítimas mortais, registaram-se aumento em oito distritos e na Região Autónoma da Madeira, em comparação ao período homólogo de 2024, com os maiores incrementos em valor absoluto nos distritos de Santarém e Viana do Castelo (+7, em cada). No que se refere às diminuições, destacam-se Lisboa e Porto, com -10 vítimas mortais cada.

Vejamos, segundo o mesmo relatório, a sinistralidade em Portugal por tipo de via:

Em Setembro a Polícia de Segurança Pública dava conta que o excesso de velocidade, as manobras perigosas e o consumo de álcool continuam a ser as principais causas de sinistralidade rodoviária na Região.

Este ano já morreram 12 pessoas nas estradas da Madeira. Destas, cinco conduziam veículos de duas rodas.

A polícia informa ainda que quatro deles conduziam em excesso de velocidade ou velocidade imprópria para as características da via e um encontrava-se a fazer manobras perigosas.

O relatório da ANSR refere as estradas onde ocorreram os acidentes mortais. No continente existem 13 vias onde se registaram mais do que dois mortos entre Janeiro e Julho de 2025. A liderar a lista está a A1, que liga Lisboa com o Porto, com seis acidentes mortais, seguindo-se da EN 206, A8 e IC8 com quatro acidentes cada.

Veja a lista:

É possível verificar que a via rápida não consta desta lista da ANSR que analisa os dados de Janeiro a Junho.

Tendo por base as notícias publicadas pelo DIÁRIO, existem 12 mortes registadas nas estradas da Madeira este ano:

  • Uma jovem de 19 anos, residente no Funchal, morreu em Janeiro, na sequência de um acidente na recta da estrada do Paul da Serra, na zona do cruzamento, na freguesia dos Canhas, na Ponta do Sol;
  • Um homem morreu no Hospital Dr. Nélio Mendonça, na sequência de uma colisão na Ribeira Brava, em Janeiro;
  • Um homem de 26 anos morreu, na sequência de um despiste de moto ocorrido na via rápida, no túnel que liga o Caniçal a Machico, em Março;
  • Em Abril uma mulher na casa dos 70 anos morreu após ficar gravemente ferida na sequência de um violento acidente na Rampa do Muro da Coelha, em São Roque;
  • Um turista português, na faixa etária dos 40 e 50 anos, morreu após a queda de uma pedra ter atingido o carro onde se encontrava, no sítio do Passo, na freguesia da Madalena do Mar, no concelho da Ponta do Sol, em Abril;
  • Uma mulher, de cerca de 70 anos, faleceu após ter sido atingida por uma pedra que caiu sobre o carro em que seguia no Paul do Mar, na Calheta, em Abril;
  • Um homem morreu após ser atropelado enquanto circulava de bicicleta na Rua Dr. Pita, em São Martinho, em Maio;
  • Duas mulheres, irmãs, com idades compreendidas entre os 70 e os 80 anos, morreram na sequência de um despiste na Estrada Caminho Lombo do Salão, na Calheta, em Julho;
  •  Uma mulher morreu na sequência do despiste do veículo cabriolet, ao quilómetro 8,4 da via rápida Ribeira Brava – Machico, em Câmara de Lobos, pouco antes do túnel da Ribeira de Alforra, em Setembro.
  • Um jovem de 22 anos na sequência de um acidente de mota na Via Expresso 4, que liga a Ribeira Brava a São Vicente.
  • Acidente com vítima mortal em Santana.

Das 12 mortes registadas este ano, duas ocorreram na via rápida. 

"Não é via rápida!!! Chama-se a via mais perigosa de Portugal (coloquem os termos correctos)" - Comentário de uma leitora