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Programa Alimentar Mundial admite cortar a metade ajuda em Moçambique por falta de apoio

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O Programa Alimentar Mundial (PAM) necessita de 97,5 milhões de euros para apoio urgente em Moçambique nos próximos seis meses e evitar cortar para metade o total de pessoas assistidas em Cabo Delgado a partir de março.

"Nos próximos seis meses serão necessários 115 milhões de dólares [97,5 milhões de euros] para a implementação completa de todas as atividades planeadas, incluindo um défice de 80 milhões de dólares [67,9 milhões de euros] para respostas de emergência", descreve-se no mais recente relatório daquela agência das Nações Unidas, a que a Lusa teve hoje acesso.

Acrescenta-se que, "com recursos limitados, a assistência do PAM continua a ser altamente prioritária", mas que "sem financiamento adicional, o número de pessoas assistidas em Cabo Delgado necessitará de ser reduzido em março de 2026 de 420.000 para 265.000".

"A partir de maio, o PAM só poderá priorizar a assistência imediata às populações recém-deslocadas", lê-se no relatório.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia. A província tem sido afetada, igualmente, por efeitos das alterações climáticas, como secas e ciclones consecutivos.

O PAM acrescenta igualmente que os programas de refeições escolares que lidera na província de Nampula "estão em risco devido à grave escassez de financiamento", ameaçando deixar "mais de 400.000 alunos em todo o país sem refeições escolares".

"É necessário financiamento adicional para retomar a alimentação escolar e manter o apoio nutricional até 2026", apela o PAM, explicando no relatório ter apoiado mais de 600 mil pessoas este ano e distribuído 2.365 toneladas de alimentos em Cabo Delgado.

Por outro lado, explica que a resposta de emergência no terreno responde à crise de deslocados no norte de Moçambique, que segundo dados anteriores já afetou mais de 1,2 milhões de pessoas em Cabo Delgado em oito anos de violência e ataques de grupos extremistas.

"A escalada de violência no norte de Moçambique continua a perturbar vidas. A recente expansão dos ataques à província vizinha de Nampula desencadeou deslocações em massa, agravando o conflito em curso em Cabo Delgado", alerta o PAM, acrescentando que, em resposta às novas deslocações em Nampula - mais de 108 mil durante o mês de novembro, após ataques no distrito de Memba, prestou também assistência alimentar de emergência a 10.220 pessoas.

Em Cabo Delgado, refere-se ainda no relatório daquela agência das Nações Unidas, o ciclo de assistência alimentar de novembro e dezembro foi concluído a 18 deste mês, tendo chegado a 87.328 agregados familiares, "aproximadamente 436.640 beneficiários, representando 98% do total de casos".

Ainda em novembro, o PAM refere que continuou a apoiar o Governo através do Programa Nacional de Reabilitação Nutricional, "para combater a má nutrição aguda entre os grupos vulneráveis", tendo sido "beneficiadas mais de 8.300 crianças com menos de 5 anos e mulheres grávidas ou a amamentar".