Militares revoltosos do 'NRP Mondego' acusados de violação de segredos de Estado
Os militares que em Março de 2023 se recusaram a embarcar no navio patrulha 'Mondego' para uma missão de alto-mar foram acusados de de violação de segredo de Estado - na altura a missão era seguir um navio suspeito russo pelas águas territoriais portuguesas -, embora tenham sido ilibados de crime de cobardia.
A notícia foi avançada ontem pela rádio Renansceça e, também, jornal Público, que no caso salienta que a acusação do Ministério Público é contra apenas três dos militares que se recusaram a seguir na missão do 'NRP Mondego' e que podem incorrer num crime cuja pena de prisão "oscila entre dois e oito anos".
No 'motim' de 11 de Março de 2023, que aconteceu no Porto do Funchal, onde o patrulha estava em missão, estiveram envolvidos 4 sargentos e 9 praças da tripulação, inviabilizando a saída para o mar. Alegavam que o navio não apresentava condições de segurança para navegação em alto-mar.
O caso acabou por envolver o então almirante Henrique Gouveia e Melo, que era Chefe do Estado-Maior da Armada, que se deslocou expressamente à Madeira para uma reprimenda 'semi-pública' em pleno convés do 'Mondego'.
De acordo com a rádio Renascença, a dedução da acusação acontece após a investigação que "foi suscitada por Gouveia e Melo e realizada pela Polícia Judiciaria Militar na sequência da divulgação pública das condições do 'NRP Mondego'".
"Segundo o processo a informação sobre o estado calamitoso do NRP Mondego terá saído de um computador de bordo e terá passado para a associação dos sargentos e dos praças. Terá depois chegado ao gabinete do Chefe Estado Maior da Armada (CEMA) e aí parou a investigação. O Ministério Público (MP) diz que o assunto caiu na imprensa, e no conhecimento de um cidadão ligado alegadamente ao Chega, através dos militares, mas o que é certo é que a investigação da Polícia Judiciária Militar parou à porta do gabinete do CEMA e não prosseguiu", explica os advogados dos militares Paulo Graça, citado pela rádio.
Os três militares, dois sargentos e um cabo, são acusados de actuação "imponderada e descuidada", que colocou em "em perigo os interesses militares", sendo, por isso, acusados de "enviar um documento contendo informação classificada que veio a ser exposto nos órgãos de comunicação social e na plataforma YouTube".