Governo “tranquilo” mas greve no CARAM pode afectar distribuição
A greve no Centro de Abate da Madeira arrancou esta manhã com oito trabalhadores da primeira linha da sala de abate a apresentar baixa médica, situação que condicionou a operação e apanhou o Governo Regional “de surpresa”, numa altura particularmente sensível para o sector, às portas da quadra natalícia e quando havia um acordo de empresa vigente, salientou esta manhã o secreto da tutela.
Serviços mínimos no CARAM parados dada a apresentação de 8 auto-declarações de doença
O Centro de Abate da Madeira (CARAM) não vai realizar, esta semana, qualquer abate, uma vez que oito funcionários que estavam escalonados para assegurar os serviços mínimos, decretados pelo Governo Regional, apresentaram auto-declarações de doença no período entre 2 e 4 de Dezembro.
O secretário regional da Agricultura e Pescas, Nuno Maciel, garante que estavam assegurados os serviços mínimos, mas admite preocupação caso novas autobaixas surjam nos próximos dias. “Hoje fomos surpreendidos com o adoecimento de [oito] trabalhadores da primeira linha”, disse admitindo se estas baixas continuarem, poderá haver constrangimentos.
Segundo o governante, o Executivo activou um plano preventivo para salvaguardar a distribuição, sobretudo junto dos pequenos produtores, e já estabeleceu contactos com fornecedores externos que garantem capacidade para evitar rupturas no mercado. Ainda assim, reconhece que a produção regional pode ser penalizada nesta fase de maior procura.
Tudo isto acontece porque o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas realizou uma conferência de imprensa, marcando formalmente o início da greve que decorre entre 2 e 23 de Dezembro.
Os sindicalistas justificam a paralisação com a rejeição da contraproposta apresentada pela Administração da empresa CARAM, que consideram “desrespeitosa, sem impacto real nas condições laborais e incapaz de responder às reivindicações dos trabalhadores”.
O sindicato acrescenta que a proposta “não só não contempla aquilo que os trabalhadores solicitaram, como demonstra falta de consideração por quem assegura o funcionamento diário do Centro de Abate”, afirmando ainda que Administração e Governo “teriam ficado melhor sem apresentar uma contraproposta”, que classificam como “uma brincadeira de mau gosto” e “incapaz de convencer a opinião pública”.
Nuno Maciel sublinha que o Governo Regional “está de consciência tranquila”, recordando que há um ano e meio foi assinado um acordo de empresa com vigência de três anos, no qual “todas as reivindicações então apresentadas foram acomodadas”, desde a redução das 35 horas até ao alinhamento de regalias com a administração pública.
Apesar de não ter obrigação de negociar antes de 2027, o Governo abriu a porta para rever o subsídio de risco, propondo eliminar o baixo risco, subir todos os trabalhadores para o nível médio e aumentar o subsídio do nível médio para elevado. “Isto representaria um esforço anual entre 12 e 15 mil euros, a favor dos trabalhadores”, destacou.
Maciel garante que alguns trabalhadores se mostraram receptivos à proposta, mas o sindicato rejeitou-a e avançou para a greve interpondo uma providência cautelar.
Enquanto a greve decorre e a situação clínica dos trabalhadores evolui, o Governo monitoriza diariamente o funcionamento da linha de abate. A distribuição ao consumidor final deverá manter-se regular, mas o impacto na produção regional poderá sentir-se se a paralisação se prolongar e as autobaixas persistirem.
Palavras a margem da apresentação de um novo vinho, Terrabona Nature & Vineyards bem como a segunda fase do projecto turístico, que mereceu a presença do presidente do Governo Regional.