Guterres pede responsabilização após "ataque injustificável" contra instalações da ONU no Sudão
O secretário-geral da ONU disse que “os ataques contra soldados da força de paz das Nações Unidas podem constituir crimes de guerra ao abrigo do direito internacional”, apelando à responsabilização dos responsáveis pelo ataque “injustificável” ocorrido hoje no Sudão.
Seis funcionários da ONU morreram e outros oito, todos cidadãos do Bangladesh, ficaram feridos hoje na sequência do ataque a um edifício das Nações Unidas em Kadugli, capital sitiada do estado de Kordofan do Sul, no sul do Sudão, segundo as autoridades.
O ataque foi feito com um 'drone' (aeronave não tripulada), que atingiu as instalações das Nações Unidas no Sudão, matando seis pessoas e ferindo outras oito, cidadãos do Bangladesh, que serviam na Força Provisória de Segurança das Nações Unidas para Abyei (UNISFA), segundo informações avançadas pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e citadas pela Associated Press (AP).
“Os ataques contra soldados da força de paz das Nações Unidas podem constituir crimes de guerra ao abrigo do direito internacional”, afirmou António Guterres, apelando à responsabilização dos responsáveis pelo ataque “injustificável”.
Em comunicado, o Governo pró-militar já acusou as Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar que está em guerra com o exército pelo controlo do país há mais de dois anos.
A cidade permanece cercada há um ano e meio pelas Forças Revolucionárias Sudanesas, num contexto de fome declarada desde o início de novembro, recorda a AP.
O Sudão vive em guerra desde abril de 2023, num confronto direto entre o Exército do general Abdel Fattah al-Burhan e os paramilitares liderados pelo general Mohamed Daglo, antigo número dois do regime militar.
Paralelamente aos combates em Kordofan do Sul, a região vizinha do Darfur continua sob controlo das RSF desde a tomada de El Fashir, no final de outubro.
O Sudão mergulhou no caos em abril de 2023, quando uma luta pelo poder entre os militares e a RSF explodiu em combates abertos na capital,Cartum, e noutras partes do país.
O conflito já matou mais de 40 mil pessoas, um número que os grupos de direitos humanos consideram significativamente subestimado.
A guerra também criou a pior crise humanitária do mundo e levou partes do país à fome.