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Nobel da Paz 2022 entre 123 prisioneiros libertados na Bielorrússia

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Os ativistas bielorrussos Ales Bialiatski, Nobel da Paz 2022, e Maria Kolesnikova foram libertados da prisão, anunciaram organizações de direitos humanos, após o Presidente ter autorizado a libertação de 123 prisioneiros, em troca do levantamento de sanções norte-americanas.

A libertação dos detidos foi avançada pela agência estatal Belta, uma informação já confirmada pela oposição e por grupos de defesa dos direitos humanos, como a organização não-governamental (ONG) Viasna, fundada por Ales Bialiatski.

Estas duas figuras da oposição estavam detidas há mais de quatro anos na Bielorrússia.

Com 63 anos, Ales Bialiatski fundou em 1996 e durante anos liderou o Viasna ("Primavera"), o principal grupo de direitos humanos e uma fonte fundamental de informação sobre a repressão no país da Europa de Leste.

Formada em música, Maria Kolesnikova, de 43 anos, foi uma das líderes dos maciços protestos contra a reeleição de Alexander Lukashenko em 2020, considerada fraudulenta.

Ambos foram presos durante a brutal repressão deste movimento de protesto e condenados a longas penas de prisão.

Durante a detenção, o trabalho de Ales Bialiatski valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2022, partilhado com a ONG Memorial (Rússia) e o Centro para as Liberdades Civis (Ucrânia).

"Falei com ele, está a caminho da Lituânia, sente-se bem", disse a mulher de Bialiatski, Natalia Pinchuk, à agência AFP.

Entretanto, as ONG anunciaram também a libertação do opositor Viktor Babariko.

Pouco antes de ser conhecida a decisão de Lukashenko, os Estados Unidos anunciaram que vão levantar algumas sanções comerciais contra a Bielorrússia, nomeadamente no setor do potássio, uma das maiores fontes de rendimento do país, no mais recente sinal de alívio das relações entre Washington e a isolada autocracia.

Lukashenko perdoou "123 cidadãos de diferentes países" após estas discussões com os Estados Unidos, anunciou a conta Poul Pervogo, afiliada à presidência bielorrussa, na plataforma Telegram, sem fornecer os nomes dos libertados.

"De acordo com os acordos alcançados com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a seu pedido, relativos ao levantamento das sanções ilegais contra a indústria bielorrussa da potassa impostas pela administração do ex-presidente dos EUA [Joe] Biden (...) o chefe de Estado decidiu perdoar 123 cidadãos de diferentes países condenados ao abrigo das leis da República da Bielorrússia por vários crimes, incluindo espionagem, terrorismo e atividades extremistas", anunciou a presidência bielorrussa.

O enviado especial dos EUA para a Bielorrússia, John Coale, reuniu-se hoje e na sexta-feira com o líder autoritário do país, Alexander Lukashenko, para conversações na capital bielorrussa, Minsk.

"Acho que é um bom passo. Vamos levantar [as sanções] imediatamente", disse Coale após se reunir com Lukashenko, antes de confirmar que, se as negociações para garantir a libertação dos prisioneiros políticos na Bielorrússia continuarem favoravelmente, como demonstrou a última remessa de sábado, Trump retirará outras sanções.

"À medida que as relações entre os dois países se normalizam, cada vez mais sanções serão levantadas", acrescentou Coale.

Tendo em conta as decisões tomadas pelo Presidente da Bielorrússia no final de novembro, o número total de pessoas perdoadas é agora de 156, incluindo cidadãos do Reino Unido, Estados Unidos, Lituânia, Ucrânia, Letónia, Austrália e Japão.

Aliada próxima da Rússia, a Bielorrússia enfrenta há anos isolamento e sanções ocidentais.

Lukashenko governa a nação de 9,5 milhões de habitantes com mão de ferro há mais de três décadas, e o país tem sido repetidamente sancionado por países ocidentais, tanto pela sua repressão aos direitos humanos como por permitir que Moscovo utilizasse o seu território na invasão da Ucrânia em 2022.

A Bielorrússia, que procura melhorar as relações com Washington, libertou centenas de prisioneiros desde julho de 2024.