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ONU pede respeito por cessar-fogo após ataques israelitas no Líbano

Foto WAEL HAMZEH/EPA
Foto WAEL HAMZEH/EPA

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou ao respeito pelo cessar-fogo no Líbano, após as forças de Israel terem bombardeado alegados alvos do grupo xiita Hezbollah no sul do país.

"Instamos mais uma vez as partes a respeitarem a cessação das hostilidades e a absterem-se de qualquer ato ou atividade que possa pôr em risco a população civil", disse na quinta-feira Farhan Haq, porta-voz de Guterres.

O exército israelita anunciou ataques contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, após o grupo xiita reivindicar o direito à defesa e rejeitar negociações entre Beirute e Telavive.

De acordo com o Ministério da Saúde libanês, os ataques aéreos fizeram pelo menos um morto e oito feridos na cidade de Tora.

O porta-voz de António Guterres confirmou que a ONU recebeu "relatos de ataques aéreos israelitas no sul do Líbano, incluindo na área de operações" da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).

Num outro comunicado, a FINUL, que termina o mandato em 2026, após quase cinco décadas no terreno, exigiu que Israel "cesse imediatamente" os ataques realizados no Líbano e alertou que poderiam "comprometer o progresso arduamente conquistado".

O Presidente libanês, Joseph Aoun, acusou Israel de responder com agressão à sua disponibilidade para negociações.

"Quanto mais o Líbano expressa a sua disponibilidade para negociações pacíficas, a fim de resolver as questões pendentes com Israel, mais Israel continua a sua agressão contra a soberania libanesa", criticou o dirigente libanês.

Por sua vez, o exército libanês afirmou que estes ataques fazem parte de "uma continuação da estratégia destrutiva de Israel", com o objetivo de "minar a estabilidade do Líbano, ampliar a devastação no sul [do país], perpetuar a guerra e manter a ameaça contra civis", além de impedir a conclusão do destacamento de tropas libanesas para a região da fronteira entre os dois países.

Nesse sentido, sublinhou "uma estreita coordenação" com a FINUL, com a qual mantém uma relação caracterizada por um "elevado grau de confiança e cooperação".

Ainda esta manhã, o Irão condenou o que chamou de ataques "selvagens" de Israel, após os atentados de quinta-feira no Líbano contra alvos do Hezbollah, grupo apoiado por Teerão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano lamentou o que classificou de "ataques selvagens" e pediu às Nações Unidas, à comunidade internacional e aos países da região que "confrontem a beligerância de Israel".

Os militares israelitas reivindicaram ataques contra depósitos de armas e instalações da Força Radwan, unidade de elite do grupo xiita, que anteriormente tinha declarado o seu "direito legítimo" à defesa e oposição a negociações diretas entre Beirute e Telavive.

Numa carta aberta à população e líderes libaneses, o Hezbollah justifica a recusa do diálogo com a a alegada tentativa de Israel de arrastar o Líbano para um acordo que "não serve o interesse nacional".

O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.

Israel intensificou os seus ataques aéreos no Líbano nas últimas semanas, justificando que quer impedir que o movimento islâmico reconstrua a sua infraestrutura.