Desalojados locais
O grau de entretenimento a que a classe política nos tem vindo a habituar está a escalar. Um dia são três Salazares, outro a salvação que a proibição das burcas trará ao país. Quem já tapa a cara sou eu, mas de vergonha alheia!
Já conseguimos perceber que o Alojamento Local simplesmente não terá um travão. Os preliminares do: as câmaras e juntas que decidam já o diz. Metade deles tem negócios com ALs, enquanto a outra metade planeia em ter. A própria UE, instância maior que merece respeito, denotou, com clareza, que os ALs são das principais causas para a escalada dos preços da habitação. Para os iluminados que acham que se resolve com mais construção, solução ali para a direita, pasme-se: os preços escaldam mais, onde há mais construção! E agora?
Bem, antes que o fantasma do Passos Coelho nos mandar emigrar novamente, mais vale chegar-se ao centro ou, melhor, ao novo centro mais próximo do deles, porque compromisso não é bem o que eles mais gostam.
Ok, mantenham-se as licenças para mais ALs, etc, mas apenas nos centros urbanos, nos centros históricos onde há, efetivamente, edifícios em fartura a necessitar de revitalização, deixando os subúrbios para que os residentes possam comprar e construir as suas casas sem terem de lutar, de forma impossível, contra o poder de compra dos estrangeiros ou, ainda, do grande poder de compra que os “investidores” têm. Os tais, diga-se, aos quais não se pode tirar o “ganha-pão”. Seguramente andam a comer um pão diferente do meu, mas pronto... Quem tem dinheiro para fazer ALs, tenho dúvidas, que ande a pão e água...
Assim, tenho a crer, que se atinge um balanço e um win-win para toda a gente. Centros urbanos revitalizados, mais ganha-pão para quem já tem uma padaria inteira e um pouco de oxigénio para o coitado do madeirense que não nasceu rico.
João Freitas