Incêndios rurais na Madeira caem 35%, mas falsos alarmes são quase um quarto das ocorrências
A área ardida foi de 2,56 hectares, o que traduz numa diminuição de 99,9% comparativamente ao ano anterior
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) da Região Autónoma da Madeira registou um "ano extremamente positivo" no que respeita ao combate a incêndios rurais.
No total, entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro de 2025, o Serviço Regional de Protecção Civil contabilizou 341 ocorrências, das quais 23% eram falsos alarmes, que se reflectiram em 80 situações. Ou seja, foram mais 48 do que no ano passado.
Combater falsos alarmes é uma situação difícil, vão existir sempre. Agora, naturalmente, quando a população está mais sensível a esta temática, também alertam mais precocemente. Mas também é isso que nós queremos. Queremos que alerte e diga que estamos perante uma situação que pode efectivamente gerar um incêndio rural de grandes dimensões Richard Marques, presidente da Protecção Civil da Madeira
Relativamente aos incêndios rurais propriamente ditos, a Região registou 261 ignições, um valor que representa uma redução de 35% face ao mesmo período de 2024 (401). A área ardida foi de apenas 2,56 hectares, o que traduz numa diminuição de 99,9% comparativamente ao ano anterior.
A eficácia no domínio dos incêndios manteve-se elevada, sendo que 260 incêndios foram controlados ainda no ataque inicial (ATI) e apenas um ultrapassou os 90 minutos até ao seu domínio: o incêndio de Vera Cruz, no Campanário, ocorrido na madrugada de 8 de Agosto, em zona de difícil acesso. Foi resolvido em 123 minutos.
De salientar também que nenhum destes incêndios ultrapassou 1 hectare de área ardida, sendo que o maior incêndio do ano ocorreu a 22 de Agosto, no Lugar da Serra, Campanário, com 0,9 hectares queimados, tendo sido dominado em 66 minutos.
Tivemos um incêndio que ultrapassou os 90 minutos, mas não tivemos nenhum incêndio que tenha ultrapassado 1 hectare de área ardida. Acho que esse é o maior indicador de desempenho do próprio dispositivo (...) Foi queimado essencialmente mato, mas realmente tivemos algumas situações em áreas florestais com grande potencial de desenvolvimento que só não cresceram porque os meios de resposta foram rápidos e eficazes Richard Marques, presidente da Protecção Civil da Madeira
Os concelhos com maior número de incêndios foram: Funchal (55), Câmara de Lobos (51), Ribeira Brava (35) e Santa Cruz (33).
Importa ainda realçar que a maioria dos incêndios (74%) surgiu durante o período diurno, mas 26% ocorreu no período nocturno, exigindo disponibilidade reforçada dos meios de combate ao longo de 24 horas.
O meio aéreo teve um papel determinante na eficácia global do dispositivo. Ao longo do período em análise, foi accionado em 82 missões, registando 100% de eficácia, uma vez que saiu do teatro de operações com o incêndio dominado em todas as missões com intervenção.
Ao nível da vigilância, foram percorridos, pelas equipas dos Corpos de Bombeiros, Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), Exército Português, Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia de Segurança Pública 160.388 km, através de 9.414 empenhamentos de operacionais em 3.396 patrulhamentos efectuados, passando pelos 60 Locais Estratégicos de Estacionamento (LEE) das Ilhas da Madeira e do Porto Santo.
Por fim, a secretária regional de Saúde e Protecção Civil, Micaela Freitas, adiantou ainda que o Governo Regional decidiu estender o período do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano, até 31 de Dezembro. "Nós temos bom tempo durante todo o ano, e como também temos a questão das queimas e queimadas, decidimos até 31 de Dezembro continuar com uma equipa em cada corpo de bombeiro afeta ao DECIR", esclareceu.