Como controlar a diabetes gestacional
A diabetes gestacional, diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez, tem impacto na saúde da mãe e na do bebé, antes e depois do nascimento. Na véspera do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala anualmente a 14 de Novembro, falamos nos riscos, diagnóstico, controlo e prevenção da diabetes gestacional.
A diabetes gestacional é a diabetes que é diagnosticada durante a gravidez em mulheres sem diabetes prévia. Ocorre como consequência de alterações hormonais durante a gravidez, podendo afectar entre 5 a 15% das gestantes. A sua prevalência tem vindo a aumentar devido ao aumento da idade materna, bem como ao aumento do excesso de peso e obesidade na população em geral.
Qualquer grávida pode desenvolver diabetes gestacional, mas é mais comum em gestantes com mais de 35 anos, com excesso de peso ou obesidade, com o aumento de peso excessivo durante a gravidez, com história de diabetes em familiares directos, com antecedentes de gestações com diabetes gestacional e/ou bebés com peso elevado ao nascer (superior a 4000g).
Deve-se a uma incapacidade para produzir a insulina suficiente para controlar os níveis de glucose no sangue, que resultam do aumento das necessidades durante a gravidez. A diabetes gestacional é mais frequente no segundo e terceiro trimestre, sendo que, na maioria dos casos, desaparece depois do parto.
A importância do diagnóstico e tratamento da diabetes gestacional deve-se às complicações maternas e fetais associadas. A principal complicação é a possibilidade de o bebé ter excesso de peso, o que está associado a um maior risco de um parto prolongado e difícil, potenciais lesões da mãe e do bebé, a necessidade de um parto instrumentado, de induzir o parto, de realizar uma cesariana, ou risco de parto prematuro.
Além disso, bebés grandes filhos de mães com diabetes gestacional têm também um maior risco de desenvolver diabetes e obesidade ao longo da vida. Outras complicações passam pelo polihidrâmnio (líquido amniótico em excesso), pré-eclâmpsia (que pode dar origem a hipertensão durante a gravidez), icterícia neonatal, hipoglicemia do recém-nascido, e desenvolvimento posterior de diabetes tipo 2 nas mães.
Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico é feito com base em análises laboratoriais, incluindo a medição da glicémia em jejum na primeira consulta de vigilância pré-natal e a realização da Prova de Tolerância à Glicose Oral (PTGO), geralmente entre a 24.ª e a 28.ª semanas de gestação. Este exame avalia os níveis de glicose antes e após a ingestão de uma solução açucarada e, caso os resultados venham alterados, indica a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso.
Muitas grávidas com diabetes gestacional não têm sintomas específicos. Quando os sintomas existem, são, geralmente, boca seca e aumento de sede, a necessidade de urinar com maior frequência, o cansaço, alterações da visão e prurido na área genital. Sintomas que são, no fundo, comuns durante a gravidez, e, por isso, difíceis de associar à diabetes gestacional
Tratamento e controlo
Se o diagnóstico for confirmado, é essencial adoptar um estilo de vida mais saudável. Uma alimentação equilibrada, prática de actividade física conforme orientação profissional e controlo frequente da glicémia. Este acompanhamento deve ser feito sob supervisão de profissionais de saúde. Idealmente uma equipa composta pelo obstetra, endocrinologista, nutricionista e por um enfermeiro especialista em saúde materna.
Caso não se consiga controlar os níveis da glicémia, pode ser necessário o tratamento com antidiabéticos orais ou com insulina. É fundamental que todas as mulheres recebam orientações adequadas desde o início da gravidez. A prevenção, adoptando um estilo de vida saudável, é a melhor forma de reduzir o risco.
Na maioria dos casos, depois do parto a glicemia estabiliza. Ainda assim, todas as mulheres deverão fazer uma prova de reclassificação, 6 a 8 semana após o parto que consiste novamente numa prova de tolerância à glicose oral. Pelo risco aumentado de recorrência numa gestação futura, ou de vir a desenvolver diabetes tipo 2, é aconselhado a que estas mulheres mantenham estilos de vida saudáveis e vigilância médica mais frequente.