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Finlândia quer utilizar barreiras naturais para melhorar defesa contra a Rússia

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Foto Shutterstock

O Governo da Finlândia criou um grupo de trabalho para estudar como as barreiras naturais podem ser utilizadas para melhorar a defesa na fronteira oriental, em caso de invasão russa, informou ontem o Ministério da Defesa.

O grupo de trabalho, formado por responsáveis dos ministérios da Defesa e do Ambiente, tem como objetivo explorar a forma como a recuperação da natureza pode simultaneamente criar soluções que contribuam para a segurança nacional no leste do país.

As opções que estão a ser consideradas pelos especialistas incluem a restauração de pântanos secos e antigas áreas de produção de turfa, bem como deixar as árvores caídas nas tempestades para criar barreiras naturais que impeçam o movimento de tropas e tanques inimigos.

Para além da função defensiva, estas práticas contribuiriam para travar a perda de biodiversidade e cumprir os objetivos do Regulamento da União Europeia (UE) relativo ao restauro da natureza.

O grupo de trabalho lançará em breve um projeto-piloto na zona fronteiriça e avaliará as oportunidades relacionadas com a restauração em zonas habitualmente utilizadas para fins militares.

"A Finlândia sempre soube tirar partido dos pântanos, das massas de água e de outras características geográficas para organizar a sua defesa. Através deste projeto, tomaremos medidas concretas para combinar a segurança com objetivos ambientais", afirmou o ministro da Defesa, Antti Hakkanen, numa declaração citada pelas agências internacionais.

Segundo os peritos, o leste da Finlândia é rico em zonas húmidas, mas muitas delas foram drenadas para a agricultura ou a silvicultura, o que enfraqueceu o estado da natureza.

Por conseguinte, os responsáveis argumentam que existe um grande potencial de restauração nas regiões orientais e que as condições para iniciar os trabalhos são particularmente favoráveis.

Os pântanos são igualmente uma solução para combater o aquecimento global, uma vez que capturam o dióxido de carbono (CO2).

De acordo com a plataforma digital Politico, a inundação destes terrenos começou por ser uma tática apenas utilizada pelas forças armadas ucranianas, mas agora vários governos têm ponderado recorrer à mesma estratégia para atrasar um potencial avanço terrestre russo.

Parte dos pântanos europeus ficam localizados precisamente em zonas fronteiriças entre países da NATO, a Rússia e a Bielorrússia.

Estes terrenos, os mais eficazes a armazenar CO2 na terra, cobrem apenas 3% do planeta.

Ainda assim, estes pântanos e turfeiras são responsáveis por armazenar um terço do carbono do mundo, cerca do dobro daquele que é armazenado nas florestas.

Estas terras, quando são drenadas, libertam o carbono que tinham capturado, contribuindo para o aquecimento global, acrescenta o Politico.

A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia e está atualmente a construir uma vedação metálica para reforçar um total de cerca de 200 quilómetros ao longo de várias secções perto dos principais postos fronteiriços.

Também a Estónia tem estudado a possibilidade de inundar e utilizar os pântanos que cobrem cerca de um quinto do país para se defender contra a ameaça russa.