Cartão verde e cartão roxo chegam ao futebol
O futebol, desporto em permanente evolução, recebe agora novas ferramentas para reforçar valores dentro e fora das quatro linhas: o cartão verde e o cartão roxo. Ao contrário dos tradicionais cartões amarelo e vermelho, associados à disciplina e à punição, estas novas cores não surgem para disciplinar.
CARTÃO ROXO
O futebol nacional conta agora com uma novidade que pode fazer a diferença na protecção da saúde dos jogadores: o cartão roxo. Esta época, estreou-se na Primeira Liga e foi utilizado pela primeira vez, logo na primeira jornada, no encontro entre Estoril e Estrela da Amadora, depois de Robinho ter sofrido uma concussão na sequência de um choque de cabeça.
A principal função deste cartão é activar o protocolo de concussões, permitindo que o jogador em causa seja substituído sem que a equipa fique a jogar com menos elementos. Assim, situações como as que aconteceram ao FC Porto em 2021 ou ao Estrela da Amadora em 2023, quando, após incidentes semelhantes, tiveram de continuar com dez jogadores, passam a ser evitadas.
A decisão está inteiramente nas mãos da equipa médica, que avalia o atleta no momento, com base em testes preparados no início da época. A arbitragem não tem qualquer intervenção: limita-se a interromper o jogo em caso de choque e a gerir o tempo perdido. A exibição do cartão roxo é feita pelo delegado da partida, de modo a tornar a decisão clara para todos em campo e nas bancadas.
Por agora, a medida tem algumas restrições: apenas é possível recorrer a uma substituição por concussão por jogo e por equipa. Além disso, embora a FIFA recomende pelo menos sete dias de recuperação, essa norma ainda não foi inscrita nos regulamentos da Liga.
Mesmo com limitações, o cartão roxo representa um passo significativo para reforçar a segurança dos atletas e aproximar o futebol português das boas práticas já adoptadas a nível internacional.
CARTÃO VERDE
A estreia deste cartão aconteceu no Campeonato do Mundo Sub-20, no Chile, durante o jogo entre a Coreia do Sul e a Ucrânia. Nessa partida, o seleccionador sul-coreano Lee Chang-won mostrou o cartão verde para contestar um lance na área adversária, pedindo a revisão através de vídeo. O árbitro acabou por não assinalar grande penalidade e a Ucrânia venceu por 2-1.
No entanto, no dia seguinte, surgiu o primeiro caso em que o cartão verde alterou uma decisão. No duelo entre Marrocos e Espanha, o técnico marroquino Mohamed Ouahbi usou este novo recurso para questionar um penálti. Após rever as imagens, o árbitro anulou a infracção disciplinar, sendo a primeira vez que este cartão teve impacto directo numa partida oficial da FIFA.
Mas afinal, o que significa o cartão verde?
Ao contrário dos cartões amarelo e vermelho, que servem para punir comportamentos incorrectos, o cartão verde foi criado para auxiliar a arbitragem. Funciona como um pedido de revisão feito pelo treinador, de forma semelhante ao que já acontece noutros desportos como a NFL (futebol americano) ou a NBA (basquetebol).
Cada equipa pode utilizar o cartão verde até duas vezes por jogo. No Mundial Sub-20, este recurso está limitado a lances decisivos, como grandes penalidades, golos, expulsões e erros de identidade (quando o árbitro atribui um cartão ao jogador errado).
A revisão é feita directamente pelo árbitro principal, que consulta um monitor no relvado. Ao contrário do VAR tradicional, não existe uma equipa externa de vídeo a analisar as imagens: o processo é simplificado e designa-se FVS – Football Video Support (Apoio de Vídeo ao Futebol).