Presidente da Colômbia acusa EUA de "crime de guerra" após 14 mortos em ataque a lanchas
O Presidente da Colômbia acusou hoje o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Peter Hegseth, de cometer um "crime de guerra", após este ter anunciado uma nova operação contra alegadas embarcações narcotraficantes no Pacífico, causando 14 mortos.
"O que o senhor secretário de Guerra está a fazer é um crime de guerra", escreveu Gustavo Petro na rede social X, onde partilhou a publicação de Hegseth, que anunciava que unidades militares norte-americanas atacaram na segunda-feira quatro embarcações "em águas internacionais", frente às costas da Colômbia.
O chefe de estado colombiano contrapôs essa ação a uma operação internacional recente, em que participou a Marinha colombiana, e que resultou na apreensão de quase oito toneladas de cocaína perto da Europa. "Não matámos ninguém", sublinhou Petro.
Numa outra publicação, o Presidente da Colômbia afirmou que os Estados Unidos "exercem fortes pressões sobre os países das Caraíbas para que não participem" na cimeira da Comunidade de Estados Latino-americanos e das Caraíbas (CELAC) e a União Europeia (UE), que organizará na cidade de Santa Marta nos próximos dias 09 e 10 de novembro. "Matam a liberdade", concluiu Petro.
Horas antes, o chefe de Estado da Colômbia já tinha classificado de "assassínios" os novos ataques das forças militares norte-americanas contra supostos "narcoterroristas", que desde setembro já provocaram cerca de sessenta mortos, sob o pretexto de combater o tráfico de drogas.
"São assassínios. Quebram os tratados internacionais de direitos humanos. Não se pode fazer uso desproporcionado da força, as baixas transformam-se em assassínios", afirmou Petro esta manhã.
O ataque da última segunda-feira é o décimo primeiro reportado desde que o Governo de Donald Trump lançou em setembro uma ofensiva contra o narcotráfico, primeiro nas Caraíbas e depois no Pacífico, com destacamento de forças militares para aquela região.
O episódio aprofunda as tensões entre Washington e os governos da Colômbia e da Venezuela, cujos líderes Trump acusou de promoverem o narcotráfico.
Na semana passada, os Estados Unidos incluíram na lista do Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC), conhecida como 'Lista Clinton', o próprio Petro, a sua esposa Verónica Alcocer, o seu filho Nicolás Petro e ainda o ministro do Interior, Armando Benedetti, por alegados vínculos com o narcotráfico.
Em setembro, o Pentágono retirou a Colômbia --- considerada o maior produtor mundial de cocaína --- da lista de países que colaboraram na luta contra o narcotráfico durante o último ano.