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Países de rendimento médio liderarão debate sobre economia de baixo carbono na COP30

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Foto Shutterstock

Os países de rendimento médio vão liderar o debate para uma rápida transição para uma economia de baixo carbono durante a COP30, devido à sua preocupação primordial com a segurança energética, explicou esta segunda-feira o World Resources Institute (WRI).

De acordo com esta organização de investigação sem fins lucrativos, os maiores países de rendimento médio, como Índia, Indonésia, África do Sul, Brasil, México e China, têm impulsionado a discussão sobre quão rápida pode ser a transição para uma economia de baixo carbono.

"E há um motivo simples para isso: é que para esses países, o desenvolvimento económico e a segurança energética tornaram-se uma preocupação primordial desde a invasão da Ucrânia pela Rússia", indicou o presidente e CEO do WRI, Ani Dasgupta, numa conferência de imprensa de antecipação da 30.ª Conferência do Clima da ONU (COP30), que terá lugar no Brasil.

"Veremos que na COP30, os países de rendimento médio terão um papel muito importante, um papel muito diferente, criando cada vez mais impulso para essa mudança", acrescentou.

Embora admitindo que o mundo atravessa um momento "muito complicado" e "desestabilizador", Ani Dasgupta considerou que a necessidade de progresso na área climática é algo que está cada vez mais nítido para os líderes e para as sociedades.

Nesse sentido, o presidente do WRI frisou que a transição para uma economia de baixo carbono está já a acontecer, embora não na rapidez desejada. 

"Todos os países estão a tentar saber o que fazer, quão rápido têm de chegar lá, como financiar tudo isso. Mas, ao mesmo tempo, essa transição já está a acontecer", assegurou.

Um dos motores para a mudança tem sido o aumento da procura mundial por energia.

Em países como China e Índia, essa grande procura por energia já estava a acontecer devido ao crescimento económico.

Contudo, essa procura está igualmente a crescer nos Estados Unidos, "pela primeira vez em muito tempo", por causa de grandes investimentos que estão a ser feitos em tecnologia, nomeadamente em inteligência artificial, afirmou Dasgupta.

"Tudo isso cria uma pressão nos Estados Unidos", avaliou o especialista, sobre o país que abandonou este ano o Acordo de Paris por decisão do atual Presidente, Donald Trump.

Outros temas em especial destaque na COP30 serão o aumento da temperatura média global limitado a 1,5 graus Celsius e o financiamento climático.

Para o WRI, cujo trabalho é focado em melhorar a vida das pessoas, proteger a natureza e estabilizar o clima, é fundamental avançar com a mobilização anual de 1,3 triliões de dólares (1,12 biliões de euros) em financiamento climático para os países em desenvolvimento, assim como alargar o financiamento da adaptação para reforçar a resiliência climática das comunidades.

O instituto pediu também mais clareza sobre as chamadas contribuições determinadas a nível nacional (NDC, na sigla em inglês) e um maior foco em proteger e restaurar florestas e ecossistemas críticos, promover os direitos indígenas e transformar os sistemas alimentares.

Tem-se registado um atraso na apresentação das NDC, uma vez que, até agora, apenas cerca de sessenta nações o fizeram.

"Na COP, os líderes têm de concordar numa resposta global decisiva para voltar aos trilhos. E os países na COP30 devem concordar em três pontos: primeiro, reafirmar a meta de 1,5 graus. Concordar em desenvolver um esquema de ambições que estabelecerá como fecharemos essa lacuna", defendeu a diretora do Programa Global de Clima, Economia e Finanças do WRI, Melanie Robinson.

Em segundo, "acelerar e definir estratégias para travar as emissões antes de 2030", e, por fim, "esclarecer quais serão as vias para alcançar as metas de emissões líquidas zero dos países e atualizar essa estratégia de longo prazo".

De acordo com a especialista, o Brasil pode liderar esse processo e servir como exemplo, publicando a sua estratégia de longo prazo logo após a COP30.

A 30.ª Conferência do Clima da ONU acontecerá de 06 a 21 de Novembro em Belém, no Brasil.

Reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não-governamentais e a sociedade civil para discutir ações prioritárias para combater as mudanças climáticas.

A COP3 irá concentrar-se nos esforços necessários para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, na apresentação de novas NDC e no progresso das promessas financeiras feitas na COP29.