A Voz do Cidadão pós-eleição
Escrevo movido pelo sentimento cívico e pela esperança de que, após toda esta campanha eleitoral, as promessas feitas à população de cada concelho da Madeira sejam, finalmente, levadas a sério. Há anos que ouvimos compromissos sobre questões fundamentais que, até hoje, permanecem sem a devida solução ou resolução.
É imperativo relembrar alguns desses pontos, que não são meras bandeiras políticas, mas necessidades urgentes da nossa sociedade:
1. A Crise Habitacional: O aumento exorbitante dos preços da habitação, aliado à sua escassa disponibilidade, tornou-se numa situação insustentável para as famílias madeirenses, em especial para os jovens. É urgente a implementação de medidas concretas e eficazes que promovam o acesso à habitação, quer através da construção pública, quer de incentivos e regulação do mercado.
2. A Chegada do Lidl: A promessa da entrada deste operador comercial no mercado regional é antiga. Mais do que uma questão de escolha, é uma questão de concorrência e de poder de compra para os madeirenses. Quando se tornará realidade? - (não nos falem das 2 licenças já emitidas, falem-nos do largo da Cruz Vermelha, o calcanhar de Aquiles da CMF e o Lidl).
3. Criação da Polícia Municipal: A segurança e a ordem no trânsito são pilares da qualidade de vida urbana. É urgente a criação de um efectivo de Polícia Municipal, (vejam exemplos país fora e arquipélago vizinho) uma reivindicação constante dos cidadãos que a cada dia que passa vêem ameaçada a sua segurança e integridade física, tendo em conta que actualmente o policiamento apeado por parte da força existente é nulo.
4. Melhoria da rede de transportes público: A rede actual está aquém das necessidades. É fundamental a criação de novas linhas e o aumento da frequência, os prometidos autocarros eléctricos, para que o transporte público seja uma opção viável, ecológica e acessível para toda a população, incluindo as zonas periféricas e rurais. Fora do alçada do município eu sei, mas também é uma forma de chegar a quem de direito.
5. Sobre Transparência e Combate à Corrupção: Neste novo ciclo político, reclamo maior transparência na gestão do erário público e mecanismos mais eficazes de combate à corrupção. Que esta legislatura seja marcada pela integridade e prestação de contas claras aos cidadãos.
6. Novos Arruamentos e Requalificação de Ruas: Com o fim do período eleitoral, apelamos aos eleitos para que não adiem mais a requalificação de arruamentos degradados e a criação de novos acessos em bairros periféricos. Muitas ruas estão esburacadas, com fraca e parca iluminação ou passeios dignos. É tempo de passar das promessas à acção, melhorando a mobilidade e a segurança de todos os que aqui residem e circulam.
7. Resposta Urgente para os Sem-Abrigo: E por último, mas não menos importante, não podemos continuar a ignorar as pessoas em situação de sem-abrigo na capital. É imperioso criar respostas integradas — não apenas alojamento de emergência, mas também apoio psicológico, social e à reinserção laboral. Eles precisam de soluções permanentes, não de medidas paliativas. Uma sociedade é julgada pela forma como trata os mais vulneráveis.”
Estes são apenas alguns dos temas prementes. No tempo de eleições, os candidatos bateram à nossa porta pedindo o nosso voto. Nas urnas coube-nos, a nós cidadãos, lembrar-lhes que o voto é uma via de mão dupla: é conferido em troca de responsabilidade, acção e compromissos honrados.
Não queremos mais promessas. Queremos soluções. Que estas eleições tenham sido um momento de viragem, onde se possa ouvir, de facto, a voz do povo. – Esquecemos as cores, e votamos nas pessoas!
António Freitas