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ONU apela aos países que entreguem metas de redução de emissões

Foto Shutterstock
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A vice-secretária-geral da ONU apelou hoje ao países que ainda não apresentaram as suas metas de redução de emissões para 2035 que o façam "rapidamente" e que garantam "financiamento para o combate às alterações climáticas".

Os debates prévios à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), que será inaugurada a 10 de novembro na cidade de Belém, na Amazónia brasileira, concluíram-se esta terça-feira com o encerramento da última ronda de consultas entre os negociadores, na chamada Pré-COP que decorreu em Brasília.

No encerramento dos debates, Amina Mohammed considerou esta ronda de consultas prévia como "um momento crítico no caminho para a COP30" e sublinhou que a ONU ainda aguarda pelos Estados que não apresentaram as suas metas de redução de emissões para 2035.

Este compromisso foi apenas cumprido até agora apenas por 67 governos.

"Cada país que ainda não apresentou a sua NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada] deve fazê-lo rapidamente, porque precisamos de dados para poder enfrentar a realidade", afirmou a responsável da ONU,

Nesta ocasião, a responsável da ONU sublinhou que continua a ser difícil garantir o financiamento para o combate às alterações climáticas nos países menos desenvolvidos e apelou para que COP30 "garanta o financiamento para o combate às alterações climáticas"..

A chamada Pré-COP30 reuniu durante dois dias, em Brasília, delegações de 67 dos 162 países já acreditados para a cimeira, que tentaram, sem grande êxito, superar os obstáculos que persistem nas negociações.

Na COP29 os países mais ricos comprometeram-se a contribuir com 300 mil milhões de dólares anuais, três vezes mais do que o decidido até então --- montante que nunca chegou a ser desembolsado, o que tem sido alvo de críticas constantes por parte de Lula da Silva.

Dez anos após o Acordo de Paris, os compromissos de financiamento assumidos pelos países mais desenvolvidos ainda não foram plenamente cumpridos, e a atual crise do sistema multilateral surge como novo obstáculo.

Também na mesa de encerramento, a ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, enumerou três dimensões das necessidades financeiras: "preservação, combate ao desmatamento e restauração florestal".

Foram criados três grupos de trabalho durante estes três dias, encarados como eixos prioritários da presidência brasileira: mitigação, adaptação e transição justa.

Portugal, através da ministra do Ambiente e Energia, assumiu a coordenação, Maria da Graça Carvalho, Adjany Costa, juntamente com a sua homóloga angolana, do grupo de trabalho sobre adaptação.

Na sessão de encerramento coube à ministra angolana ler o relatório do grupo.

Horas antes, em entrevista à Lusa, Maria da Graça Carvalho afirmou que o tema da adaptação às alterações climáticas "entrou definitivamente no centro das negociações", já que "não é mais possível evitar todos os impactos.

"Temos de aprender a minimizá-los [os impactos das alterações climáticas]", sublinhou a ministra portuguesa que, juntamente com a sua homóloga angolana, coordenou na 'Pré-COP30' o grupo de trabalho sobre adaptação.

Os impactos das alterações climáticas já são visíveis na maior frequência e gravidade de secas, inundações, crises agrícolas, incêndios e na pressão sobre a saúde e água e, por essa razão, "há um grande acordo sobre a importância da adaptação".

"Há também um entendimento em relação aos indicadores. (...) É preciso ter dados, qualidade de dados, há um grande acordo nisso", destacou Maria da Graça Carvalho, acrescentando também a existência de consensos em "olhar para casos concretos".

O financiamento mantém-se um ponto sensível, com discussões abertas sobre a inclusão da adaptação no pacote de 1,3 biliões de dólares decidido na COP29, realizada em Baku em novembro de 2024.

"Não houve nenhum acordo explícito e tivemos uma grande variedade de países e de grupos de países a discutir o assunto", disse a ministra.