Rescaldo eleitoral

- Ena pá, quem encontro por cá. Ver-te era o meu desejo, mas faz muito tempo que não te vejo.

- Realmente, não digo que já faça anos, mas já há uns bons tempos que não nos encontramos.

- Como sei que estás sempre atento a estas questões, que me dizes dos resultados das nossas eleições?

- Já me importei mais com isso, é tudo uma aldrabice.

- Bom, não é bem assim, as coisas correram sem nada de ruim.

- Desculpa, amigo, mas não me parece que estejas bem esclarecido. Por exemplo, na Ponta do Sol aconteceu algo de esquisito.

- Posso estar a ver mal, mas não me apercebi que algo houvesse de anormal.

- Pois não, não deves é estar com atenção. Como explicas que a senhora presidente que diz ter feito dois excelentes mandatos, pelo povo elogiados e acarinhados, tem este triste resultado?

- Nesse particular tens razão, é no mínimo estranho a perda desta eleição.

- Escuta aqui, amigo, vou dizer-te uma coisa ao ouvido. As autoridades policiais deviam investigar, “cheira-me “ter ido o eleitorado de outros Concelhos para lá votar.

- O diabo que jure, meu amigo, eu já em tudo acredito. Não vivemos em ditadura, mas esta democracia é de uma podridão pura.

- E o amigo o que me diz, sobre o resultado eleitoral no Porto Moniz?

- Aí estou com aquela gente. O povo queria a continuação do mesmo presidente, como não era permitido pela democracia, passaram o Porto Moniz a uma monarquia!

Sem manifestações, sem discussões, sem sarilhos, saiu o pai, entrou o filho.

- Fizeram bem e oxalá que sirva de exemplo, porque já andamos fartos desta democracia indecente.

- Vindo a Monarquia, se os Reis não forem bons e as Rainhas umas belezas, sempre nos podemos agarrar às Princesas.

- E de que maneira!..aí sim é que vamos ter uma verdadeira mudança na Madeira.

- Em São Vicente também houve uma partidinha daquela gente...

- Ao que ouvi dizer, mas sem poder confirmá-lo, houve uma” brigazinha de galos”.

O povo queria que o vice-presidente fosse nestas eleições o principal candidato e o presidente achava – como já não se podia candidatar - que devia ser outro candidato, mas que-na pureza das suas intenções - pudesse ser por ele, digamos, ajudado.

- Pois, e o partido, com vontade ou sem ela, deu o seu consentimento e ...foi pelas “canas adentro.” - E o povo, que é quem mais ordena, farto de ouvir falar do CHEGA (-te para lá) CHEGA (-te para lá) foi buscar o CHEGA para cá.

- E deu-lhes a vitória com a maioria, para dizer que o povo é quem manda no Concelho, em cada uma das freguesias.

- Pois, aqui e ali sempre aparecem uns laivos de democracia.

- Mudando ligeiramente de assunto, eu fiquei abismado com as declarações na RTP- Madeira de um senhor deputado. Afinal, não tem qualquer importância ser arguido e, simultaneamente, candidato por um partido.

- Pois não. Houve na LEI uma alteração. Aqui, há pouco tempo, era diferente.

Alguém que fosse candidato, estando na condição de arguido, era considerado quase como uma candidatura de um marginal, de um bandido, agora, estando a contas com a justiça até passa despercebido.

- Afinal, sempre é bom acompanharmos as entrevistas, os debates políticos, só assim ficamos esclarecidos.

- E pronto, meu amigo, foi bom encontrar-te, falar contigo.

- É verdade. Dá cá um abraço e até uma próxima oportunidade.

Juvenal Pereira