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Turismo Madeira

Todas as empresas têm de “fazer um caminho mais rápido” rumo à sustentabilidade

Foto Miguel Espada/Aspress
Foto Miguel Espada/Aspress

A administradora executiva da Sonae MC (proprietária dos supermercados continente), Isabel Barros, alertou, no 34.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, prossegue hoje no Centro de Congressos da Madeira (Casino), que as empresas portuguesas estão atrasadas na adopção de medidas de sustentabilidade e resiliência. “Quero dar os parabéns à Associação [de Hotelaria de Portugal} mas temos todos de fazer um caminho ainda mais rápido”, sublinhou a oradora, no final de uma intervenção sobre o tema 'Sustentabilidade e criação de valor: o futuro hoje', que pretende pensar sobre o que significa criar valor num contexto fortemente pressionado economicamente, socialmente e ambientalmente.

Isabel Barros explicou que nos últimos anos houve um conjunto de acontecimentos – fenómenos climáticos extremos (seca no Algarve e incêndios e cheias na Madeira, pandemia, guerras, crise inflacionista ou interrupção das cadeias de abastecimento de produtos – que criou “um novo mundo que não volta para trás” e as empresas têm de saber criar valor e tornar os seus negócios mais resilientes e sustentáveis num contexto mais imprevisível.

“Criar valor e sustentabilidade nas nossas empresas é pensar em modelos económicos a pensar nestes riscos e que os mitiguem”, avançou a administradora da Sonae MC, que realçou que quer os estados quer as empresas estão atrasados nesse processo de adaptação. Lembrou, por exemplo, que apenas 15% dos objectivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU estão a caminho de cumprimento em 2030. “Temos graves problemas de igualdade de género, resiliência e recursos hídricos”, observou Isabel Barros, que alertou que a exploração dos recursos do planeta tem piorado nos últimos anos. “Nós não estamos melhores. Acho que temos de estar todos mobilizados para fazer melhor”, referiu a mesma oradora, que afirmou que a União Europeia tem produzido muita regulamentação mas que na prática se revela ineficaz.

Isabel Barros reconheceu que a própria Sonae MC fez uma autoanálise em 2015 e chegou à conclusão que poderia fazer mais pelo ambiente e pela sustentabilidade, designadamente em termos de redução de emissão de gases com efeito de estufa nas suas actividades e na tomada de decisões com impacte ambiental. Foi definido então um rumo, “o caminho começou-se a fazer e os resultados passaram a aparecer”. A intervenção faz-se em cinco domínios. Em termos de acção climática, a empresa tem por objectivos a descarbonização e a redução de emissões de gases, com substituição de centrais frios, maior utilização de energias renováveis (é a maior instaladora de centrais fotovoltaicas em coberturas dos seus edifícios) e electificação da frota. A nível da circularidade, até ao ano 2028 quer reduzir 50% do desperdício alimentar e aumentar o uso de embalagens reutilizáveis. Em termos de produção sustentável, incentiva a produção nacional e está comprometida com a meta de ‘zero desflorestação’. No domínio da oferta responsável, aposta na democratização de uma cesta de produtos mais saudáveis e sustentáveis, reconhecendo que “infelizmente tal não está acessível a toda a população”.