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Árbitro é soberano mesmo contrariando o VAR

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A jornada do último fim-de-semana da II Liga, nomeadamente o jogo que o Nacional disputou em Santa Maria da Feira, frente ao Feirense, aqueceu os ânimos para os lados da Choupana, consequência da arbitragem de Ricardo Baixinho. Nomeadamente porque o juiz lisboeta, quanto alertado pelo vídeo-árbitro (VAR) para um lance de eventual grande penalidade na área local, optou por manter a sua decisão, não seguindo a indicação de João Pinheiro, o árbitro internacional que se encontrava a apoiar na cidade do futebol.

A indignação atingiu tal forma que o presidente do clube alvinegro, Rui Alves, se deslocou à sala de imprensa, no final do encontro, para criticar a actuação do juiz lisboeta, com particular incidência no tal lance de suposta grande penalidade.

Apenas para situar, o referido lance aconteceu aos 54 minutos, com o resultado já a pender para o Feirense por 2-1, quando o defensor da equipa da casa Tony Shimaga jogou a bola com a mão no interior da área. Ricardo Baixinho não assinalou grande penalidade, entendendo que o gesto não fora intencional.

Entendimento diferente teve o VAR, cuja intervenção neste tipo de lances acontece somente quando tem uma opinião diferente do árbitro. João Pinheiro viu razões para grande penalidade e alertou Ricardo Baixinho desse facto. Seguindo o protocolo, o árbitro foi rever a jogada, mas decidiu manter a sua decisão inicial, não apontando para a marca do penálti.

A pergunta que se coloca é se, à luz da lei, o árbitro da partida deveria ter seguido a indicação do VAR e apontado para a marca de grande penalidade? A resposta é simples: não! Mesmo nos casos em que a razão pareça estar do lado do VAR (e no caso de Santa Maria da Feira parece ser consensual que João Pinheiro tê-la-ia), a última palavra pertence ao árbitro, que é, por isso, soberano.   

Intervenção do VAR só no vermelho directo

Outro caso que merece ser analisado, por ser susceptível de gerar dúvidas, aconteceu no encontro entre o Marítimo e o FC Porto B, quando Diogo Mendes foi expulso com segundo cartão amarelo, aos 57 minutos. Num lance de bola dividida com um adversário, onde fica muitas dúvidas se houve falta do jogador do Marítimo.

A questão que se coloca, neste caso, é se o VAR podia ter chamado à atenção para eventual correcção deste segundo cartão amarelo exibido pelo juiz Márcio Torres, de Viana do Castelo. A resposta é não. De facto, está tipificado que o vídeo-árbitro apenas pode intervir em casos de cartão vermelho directo a um jogador, caso entenda que houve um erro do árbitro principal.

Situações em é utilizado o VAR

- Possíveis infrações em jogadas de golo: foras-de-jogo que tenham passado despercebidos à equipa de arbitragem; faltas cometidas pela equipa atacante; situações em que a bola tenha saído das quatro linhas na jogada anterior ao golo.

- Identificação de lances de grande penalidade: penáltis mal assinalados pelo árbitro principal; penáltis que tenham passado despercebidos à equipa de arbitragem; faltas que criem dúvidas sobre se foram cometidas dentro ou fora da área; faltas cometidas pela equipa atacante na jogada que antecede o penálti; situações em que a bola tenha transposto as quatro linhas na jogada anterior à infração que origina a grande penalidade.

- Amostragem correcta do cartão vermelho: quando o árbitro suspeita de uma potencial jogada merecedora de expulsão que tenha escapado à equipa de arbitragem; quando o VAR vê uma falta para cartão vermelho que não tenha sido detectada pelo árbitro principal; o recurso ao VAR é feita exclusivamente em situações de cartão vermelho directo, não se aplicando à amostragem do segundo cartão amarelo.

- Troca de identidade de jogadores: identificação correcta dos jogadores alvo de sanção disciplinar; quando o árbitro principal sanciona de forma errada o jogador da mesma equipa; quando o juiz sanciona o jogador da equipa que sofreu falta.