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Crónicas

Uma oportunidade eleitoral

O PS é como uma equipa de futebol que teve o seu capitão expulso mas que continua dentro do campo. O PS sempre no jogo viciado

É natural que os portugueses desconfiem de mais esta oportunidade para encontrar solução para o país. Muitas têm sido as ocasiões desperdiçadas.

Marcelo viciou a nossa democracia ao dissolver a Assembleia da República. Devia ter demitido António Costa, enquanto suspeito de eventuais crimes, e chamado o PS a indicar novo primeiro-ministro. Havia maioria absoluta e, nem o PS nem o PSD, estavam preparados para novas eleições. A dissolução precipitou a vida política portuguesa rumo a um próximo futuro incerto e, provavelmente, sem solução eleitoral estável e duradoura. Para o PSD, como se pode perceber, foi muito mau.

Chegados aqui, aos 50 anos de democracia, diria que apenas Cavaco Silva e Passos Coelho mostraram superior competência. António Guterres, José Sócrates e António Costa defraudaram apoios populares que não justificaram. Os dois últimos, os únicos primeiro-ministros suspeitos de crimes, fazem parte da “lista negra” dos políticos que mancharam o nome de Portugal.

Só uma agenda pessoal, absolutamente descabida e irracional, justifica que Marcelo Rebelo de Sousa ainda esteja a tentar “branquear” o rasto de eventuais crimes de António Costa como primeiro-ministro. Nem faz votos que Costa esteja inocente. Para Marcelo é detalhe sem importância. Acha que o suspeito Costa deve ir liderar a Europa. Como também sugerido no Congresso do PS. Se é condenado ou não, logo se vê. Com desplante promovem-se mutuamente. Certamente cumplicidades que nunca descortinaremos. Costa era para estar escondido de vergonha e, ao invés, não larga os microfones da televisão. Faz campanha inadmissível com a cumplicidade de Marcelo.

O PS é como uma equipa de futebol que teve o seu capitão expulso mas que continua dentro do campo. O PS sempre no jogo viciado.

PSD não é de direita

Quando se fala num governo de maioria de direita, lamento informar mas exclui o PSD. Ao invés, um governo de centro-direita será aquele liderado pelo PSD e que inclua algum, alguns ou todos os partidos à sua direita. A coligação AD é centro-direita. Tem uma fragilidade principal: o desafio de 1979 nada têm a ver com o Portugal de 2024. Os seus protagonistas não se comparam. Agora, passei a temer pelo futuro do PSD. Não sou dos que quer ganhar já, seja qual for o preço. Prefiro um PSD amado a liderar no longo prazo.

Parece, clarinho como água, que o próximo destino político do PSD depende da dimensão da votação no CHEGA.

Coligação PSD/CDS insuficiente

Ao contrário de 2019, quando o resultado pós-eleitoral de PSD e CDS deu maioria absoluta na Madeira, em 2023, uma coligação pré-eleitoral entre eles, não foi suficiente, havendo que recorrer ao PAN. Insistem novamente no erro em 10 de Março. Se perdurar esta teimosia será que acabam em fusão? Com outro nome? Nunca mais voto no PSD?

Agradecimento a Sara Madruga da Costa

O certo é que na política não se pode estar sem poder. Deve ser o caso da Sara, da Patrícia e do Dinis. Tudo lhes aconteceu ao contrário da sua vontade. Foram despedidos.

A Sara foi, durante oito anos, uma deputada social democrata séria, competente, super combativa, dedicada e leal às causas do PSD Madeira. Dos poucos políticos sem interesses pessoais. Discípula, desde a primeira hora, da liderança de Miguel Albuquerque, a quem sempre ajudou. Estranho o líder do PSD Madeira, o seu Secretário Geral ou outro dignatário laranja não ter feito, no mínimo, um telefonema informando da não recondução e de agradecimento pelo seu trabalho exemplar e nunca, repito nunca, criticado. Trocar uma militante por uma não-militante não promove a filiação partidária. Afugenta dos partidos. É o oposto do pretendido. Desmobiliza e despreza os que são da família política, principalmente os desprovidos de interesses pessoais ou de grupo. Como era o caso de Sara Madruga da Costa.

Já agora, “queimar” um jovem da JSD por troca com um sénior não abona a próxima geração. Não rejuvenesce, ao contrário do propalado. O PSD podia fingir uma limpeza mas a JSD, como organização autónoma, que todos os seus anteriores líderes tinham de reconhecer, devia ter sido excluída dessa purga inexplicável. Não há justificação racional para o afastamento de Dinis Ramos, dez meses depois de lhe pedirem para assumir o cargo, um jovem de quem todos gostam. Sem honra nem glória. Inexplicável! Assim, a Jota laranja vai ter dificuldade em recrutar jovens militantes. E eu, que muito simpatizo com Bruno Melim, a quem tentei incentivar a ser deputado nacional, só posso admitir que a sua recusa tinha mais sabedoria do que eu podia imaginar. É preciso continuar a JSD mesmo que, entre os “velhinhos”, nem todos ajudem.

Desconheço se existe algum impedimento para candidatar a Patrícia Dantas. Por cerca de vinte meses foi uma deputada interessada e presente nos principais dossiers do parlamento.

A conclusão é que na política não se pode estar sem poder. Deve ser o caso da Sara, da Patrícia e do Dinis. Tudo lhes aconteceu ao contrário do seu desejo e vontade.

Mas as pessoas contam. São gente. Não bonecos atirados de um lado para outro.

Não havia “nexixidade”!

Os militantes sociais democratas madeirenses na lista para as legislativas são bons e fortes candidatos. Merecem recolher uma grande expressão dos votos na Madeira e Porto Santo. O seu percurso político é inquestionável. Pedro Coelho é um excelente cabeça de lista.

Pedro Ramos e Jorge Carvalho

Estão de parabéns os dois secretários regionais da saúde e da educação. A Madeira não sofre dos males do serviço nacional de saúde, do caos nos hospitais públicos que se assiste no continente e nas escolas públicas de todo o país. Devemos estar conscientes do papel da Autonomia e da competência destes dois governantes na fuga à miséria humanitária e sectorial em que vivem os portugueses do continente.

Pena que no desporto vivamos um plano inclinado descendente. Marítimo, Nacional e CAB deixaram as primeiras ligas e jogam ao nível secundário. O União não deixou rasto. O Rali Vinho da Madeira saiu do topo europeu e apenas entretém o público residente. O Madeira Islands Open em golfe desapareceu do Tour Europeu. O porto-santense não tem campo relvado na Ilha dourada. A nossa S. Silvestre é ganha por atleta madeirense. Temos umas coisinhas novas de nível muito baixo sem impacto internacional. Tudo muito fraquinho. A natação escapa a esta mediocridade.

Não esqueçam que fogo de artifício já vai havendo por todo o lado. Desde Sidney ao Porto Santo.

Portugal dos esquecidos

Como se pode estar entregues a uma fauna de políticos nacionais que, quando interrogados, não se recordam de nada do que fizeram? Acham-nos estúpidos?

E dos pacóvios

O Governo de António Costa aprovou enviar para o governo de Angola, até final do ano passado, trinta e quatro milhões de euros para a construção do Museu da Luta pela Libertação Nacional de Angola. Como esta guerra não foi considerada traição à pátria, talvez pudessem dar ajuda para o Museu da FLAMA e da falhada independência da Madeira. Também é História e pode vir a ter continuação.

Jacques Delors

Morreu Jacques Delors, socialista francês que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995. Quando Portugal entrou na União Europeia. No tempo em que os governos regionais iam a Bruxelas, reuni com ele, acompanhando Alberto João Jardim, por duas vezes. Tive o privilégio de o acompanhar, a seu convite, numa comitiva de dois políticos regionais mais o ministro do interior de França para intervir na Córsega numa conferência sobre autonomia. Um grande momento na minha vida política.