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Ser chefe exige saber antecipar a mudança e decidir com emoção e razão

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O Presidente da República considerou hoje que para se ser chefe é preciso saber antecipar a mudança em curso no mundo e decidir com emoção e razão, numa cerimónia comemorativa do Dia da Academia Militar.

"O mundo está a mudar e a única verdadeira constante é a mudança. Quem não for capaz de saber acompanhar, ou melhor, antecipar a mudança, então não pode ser chefe", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, nas instalações da Academia Militar, em Lisboa.

Dirigindo-se aos "cadetes de hoje, chefes de amanhã", o chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas acrescentou que neste "novo tempo e novo espaço" é preciso "saber resolver problemas, ou seja, decidir, e decidir com razão e emoção".

De acordo com o Presidente da República, é preciso também "saber transmitir, comunicar", não só em português, mas "nas línguas universais e no digital".

"E tudo isso exige valores como referência quando tudo muda. Cada qual tem os seus, mas os valores personalistas do respeito da dignidade de cada pessoa de carne e osso são os que vêm na nossa Constituição, e são, creio, os mais justos, abrangentes e seguros", completou.

Referindo-se à guerra na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu o alargamento da União Europeia, para que haja "uma defesa crucial a Leste, por muito cara, difícil ou lenta que seja".

Neste discurso, o chefe de Estado reiterou a sua posição a favor de uma valorização de quem exerce funções militares, afirmando que a sua missão "é muito admirada, mas nem sempre devidamente tratada, no estatuto económico, nas condições de vida, na proteção que é dada".

O Presidente da República enquadrou o exercício de funções militares como "uma vocação e uma missão", que não deve ser encarada como "uma profissão" nem como "uma escolha só nem sobretudo de 'ranking económico-financeiro".

A este propósito, voltou a falar nas qualidades exigidas para se ser chefe, considerando que "a chefia exige mais, muito mais", em todas as funções de soberania, "nas responsabilidades políticas, na justiça, na defesa, na segurança, na diplomacia".

"Exige o sentido da representação daquilo que é mais importante na pátria que somos. E esse vai ser o vosso desafio ao longo de toda a vida: querer ou não, em cada momento ao longo da vida, dar primazia à vossa vocação, à vossa missão. Aos responsáveis políticos cabe ajudar-vos a encontrar razões para a resposta ser sempre sim. Mas a resposta é vossa, é só vossa, vem do fundo do vosso ser", concluiu.

No fim da sua intervenção, o chefe de Estado anunciou a atribuição à Academia Militar do título de membro honorário da Ordem Militar de Cristo.

A Academia Militar é um estabelecimento de ensino superior militar que forma oficiais destinados aos quadros permanentes do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) e que tem o seu antecedente histórico na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, criada por D. Maria I em 1790.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção centrada no presente e no futuro, referindo que o passado os alunos da Academia Militar "têm a obrigação de o conhecer de cor, desde os tempos de D. João IV e da restauração e todos os séculos seguintes".

"E se não conhecem, então nem percebem o que perdem: perdem as raízes que são, por onde nascem e se fortalecem as árvores da vida, raízes algumas delas recentes, como as do 25 de Abril, para o qual tantos desta casa conspiraram, resistiram, se movimentaram e venceram", disse aos alunos.

Nesta cerimónia militar estiveram presentes, entre outros, a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Eduardo Mendes Ferrão, e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Antes discursou o comandante da Academia Militar, major-general João Carlos Loureiro Magalhães, que afirmou que esta instituição quer ser "uma escola de referência em liderança" e tem como vetores a "formação científica de base", a "formação comportamental e de consolidação de valores" e a "preparação física".