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Mais de 20 surdos expressaram a 'Língua' no Baltazar Dias

Foto DR/CMF
Foto DR/CMF

Terminaram ontem as duas sessões do acolhimento do espectáculo 'Língua' da Companhia Estrutura, do Porto, que decorreu no Teatro Municipal Baltazar Dias, e teve a sua estreia pela primeira vez na Madeira com este espetáculo. A Estrutura é uma entidade financiada pela Direção-Geral das Artes e é uma companhia residente no Teatro Campo Alegre.

De acordo com nota remetida ontem, "este espetáculo foi uma criação de Cátia Pinheiro, Digo Bento e José Nunes" e levou ao palco do Baltazar Dias "mais de 20 surdos". Segundo os criadores, "quando nos lançamos para este projeto, acreditávamos que o objetivo era remeter a voz para segundo plano e propor uma inversão na relação existente num espetáculo, entre o português falado e a Língua Gestual Portuguesa, onde, por norma, num canto discreto do palco, a intérprete traduz para LGP o que os atores dizem em cena." 

Refere que nesta experiência, "a voz e o texto não assumem um lugar de primazia, os gestos falam mais alto do que as cordas vocais", num espectáculo que "inaugurou um novo ciclo, onde a companhia regressou a um território fortemente ancorado na ideia de autoreflexibidade, explorando o acto criativo como conteúdo, abrindo-o a múltiplos questionamentos".

Refira-se que "este espetáculo contou com a interpretação de Cláudia Braga, Diogo Bento, Joana Cottim, Mariana Magalhães e Tiago Jácome". Precisamente os criadores referem ainda que "imaginámos este espetáculo como uma nação. A nação-língua que fundamos em cena em vários atos, com direito a vários rituais. Um espaço multilingue onde nos possamos desentender melhor e sem problemas. Onde cada língua corresponde a uma individualidade. Quantas mais melhor. Um espaço onde a LPG; língua portuguesa e as outras línguas escritas, visuais ou imagéticas são bem-vindas. Onde aprendemos a ouvir com os olhos e a falar com as mãos. A falar por imagens em vez de sons, repensando Godard e tornando-o divisa deste país possível", conclui.