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Criar (o) futuro (XIX)

Investir na educação é fundamental para construir um futuro próspero. Priorizar o acesso igualitário à educação de qualidade e promover a aprendizagem ao longo da vida pode abrir portas e capacitar as pessoas a enfrentar os desafios futuros.

Começa(va) assim o meu artigo deste mês, incidindo sobre a Inteligência Artificial (IA), com a anterior introdução elaborada com recurso ao ChatGPT, como resposta ao tema “Criar o futuro”.

E nada mais certo do que, num mundo em constante desenvolvimento tecnológico, salientar a importância da educação como uma das formas de adaptação à IA. Neste “admirável mundo novo”, a educação e a formação são, claramente, fatores essenciais para pensar, numa visão holística, como usar a tecnologia de forma ética e responsável.

Contrariamente a outros meses, desta vez já tinha o artigo escrito há algum tempo, faltando só uma última leitura antes do seu envio, ao som da música do grupo musical “Humanos“:

Maria Albertina deixa que eu te diga...

Esse teu nome eu sei que não é um espanto, mas

É cá da terra e tem muito encanto

Estarão certamente a indagar a que propósito vou buscar esta música. Albertina é o nome escolhido por investigadores das Universidades de Lisboa e do Porto para batizarem um pioneiro gerador de texto em português, usando um modelo de linguagem no âmbito da Inteligência Artificial Generativa.

Mas eis que sai um artigo da Sónia Gonçalves sobre a mesma temática na quarta-feira passada. E, de repente, tenho de pensar noutro tema que também faça parte da atualidade.

E a atualidade tem sempre dois temas na ordem do dia, política e futebol. No futebol, espero festejar em breve o 38.º título de campeão do Benfica, e que o Marítimo consiga manter-se na I Liga, já no que diz respeito à política, sente-se o mesmo fervor futebolístico, de grande separação entre adeptos, leia-se militantes, sobretudo entre as grandes equipas, diga-se principais partidos, i.e., PSD e PS.

E cai-se facilmente numa polarização, quer cá quer a nível nacional, de que tudo o que o governo faz é mau aos olhos da oposição e que todas as propostas da oposição não são benéficas ou nada acrescentam sob o prisma do governo. Verifica-se, igualmente, uma apetência pelos casos mediáticos, pelo acessório no centro da vida política, mas que produz sound bite e likes, em vez de haver maior preocupação pela resolução dos problemas que afetam a vida das pessoas, sobretudo das mais vulneráveis e desprotegidas.

Assim, é natural que se crie na população um descrédito nas instituições e na democracia, uma desconfiança e falta de fé nos políticos, contribuindo para que se verifique um alheamento dos cidadãos e fraca participação na vida política.

Para maior e melhor participação cívica e política, deve ser fomentado o diálogo e debate democrático, valorizando o pluralismo e liberdade de pensamento, não receando os militantes e cidadãos que tenham pensamento próprio e crítico. Só assim será possível construir soluções com capacidade de resposta às legítimas aspirações da população. Soluções protagonizadas por cidadãos escolhidos com base na meritocracia e competência, numa aliança entre juventude e experiência, uma sinergia positiva que é a base e força motriz para uma efetiva mudança e desenvolvimento.

É preciso cativar as pessoas, sobretudo os jovens, para que não se crie uma geração apolítica, que revele desinteresse e não se assuma como parte ativa da sociedade. O que seria um paradoxo, pois temos a geração mais qualificada de sempre, a geração com mais acesso à informação e conhecimento. Por isso, é premente que os jovens se assumam como verdadeiros protagonistas da sua geração e sejam a esperança do presente e no futuro.

No que concerne aos jovens, as redes sociais assumem-se como método privilegiado de chegar a esta camada da população que vive no mundo digital. Mas não se pode perder o contacto de proximidade, dar a conhecer a génese, as histórias e estórias dos partidos e, sobretudo, falar e vivenciar o que é a democracia. E tem de ser dado o exemplo, os políticos têm de andar pelas ruas, ouvindo a voz e sentindo o pulsar do coração das pessoas.

Ou seja, voltamos ao início deste artigo, pois tudo acaba por exaltar a Educação como trave mestra do futuro que queremos para nós, mas sobretudo para os nossos filhos. E só numa sociedade com educação, quer em termos formais quer no tratamento e ligação aos outros, é que podemos almejar um futuro próspero.