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13 de maio

Nunca fui a Fátima em missão espiritual. Mas já passei por lá mais do que uma vez. Na rodagem voraz da estrada só vi a tabuleta que mencionava o local a ficar para trás. Sempre que acontece, penso que Nossa Senhora me pergunta: “Então, não entras?”. Mas quero ir. E como não se sabe o dia de amanhã e o tempo passa depressa, o melhor mesmo é me despachar.

Não peço nada a Nossa Senhora de Fátima por quem nutro confesso e especial carinho. E ao longo da vida tantas foram as circunstâncias que poderiam sugerir tal atrevimento. Creio que não aconteceu. Salvo uma excepção.

Quando estava para ter o 1º filho, deixei a mulher na clínica, em boas mãos, estacionei o carro no Funchal e caminhei, como sói dizer-se em madeirense, sem destino. Acabei entrando na igreja da Sé. Era dia de semana, de manhã e a catedral estava vazia. Queria tanto pedir-lhe que corresse tudo bem mas fi-lo de forma diferente, prometi-lhe mais um afilhado. E assim sucedeu.

Quando lá for, e espero que para breve, será para agradecer. Tenho tanta coisa para mostrar gratidão que receio cometer a injustiça de me esquecer de alguma. Sobretudo das que parecendo mais pequenas tiveram significado enorme. Que, tenho a certeza, só podem ter tido a bênção benevolente da Senhora.

Assalta-me a dúvida se cederei à tentação do conciliante peditório. Para os meus, provavelmente. Porque sou mais para eles do que para mim. Mas não sei. O momento espiritual e emocional ditará. Uma certeza tenho, para além de manifestar reconhecimento vou ter de pedir desculpa. Porque não se está tanto tempo sem visitar a madrinha. Sim, também sou afilhado. Algo desnaturado, mas afilhado na mesma.