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O relevo do camafeu

DO ALTO DA VIGIA

A aquisição de vocabulário acontece sobremaneira nos primeiros anos de vida. Daí para a frente, numa relação de proporcionalidade inversa, vamos vivendo mais tempo e aprendendo cada vez menos palavras novas. É natural que assim aconteça, descobrimos mais quando há mais por descobrir. Tirando da equação os termos técnicos mais restritos das diferentes áreas, um dia bom é um dia em que descubro uma palavra nova. Ou um novo significado/sentido para uma palavra já adquirida.

Quem convive com a curiosidade das crianças sabe que o desafio está em conseguir acompanhar esta viagem que nunca acaba. A nossa idiossincrasia madeirense está também no nosso léxico, em todas as palavras e expressões que ouvimos dos nossos pais e dos nossos avôs e que podem desaparecer com as gerações futuras. O buzico respinguento ou o aparente zaralho com a sornice só precisam de alguém que auxilie a atremar para verem mais além do que o próprio imbigo. Será isso uma estrefega assim tão grande? Isto a propósito de nestes dias ter aprendido o significado principal de camafeu. O meu amigo Priberam confirma-me que é uma “pedra fina com duas camadas, diferentes na cor, uma das quais leva gravado um desenho em relevo.”. Afinal ainda há (sempre houve) camafeus bonitos!