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FMI adverte que possível crise imobiliária pode afectar estabilidade financeira

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu hoje que uma possível crise imobiliária resultante das altas taxas de juro poderia ter graves consequências para a estabilidade financeira.

No relatório sobre a estabilidade financeira, apresentado durante a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, o Fundo reconhece que a tensão no sistema bancário diminuiu nos últimos meses, mas adverte que as famílias e as empresas têm cada vez mais dificuldade em pagar as suas dívidas, que estão a aumentar devido às elevadas taxas de juro.

Assim, embora no último ano as famílias tenham aproveitado as poupanças acumuladas durante a pandemia para pagar as suas hipotecas, tudo aponta para que as amortizações continuem a aumentar, o que levará a um abrandamento da atividade imobiliária e a uma nova queda dos preços das casas.

Dada a dimensão do setor imobiliário e as suas fortes ligações ao sistema financeiro e à economia real, a agência adverte que "as tensões neste setor podem ter implicações importantes para a estabilidade financeira".

Os bancos enfrentarão dificuldades crescentes por parte dos seus credores para reembolsar os empréstimos e, embora tenham constituído provisões de forma prudente, o Fundo recorda que "a história tem demonstrado que as exposições ao crédito podem deteriorar-se rapidamente", afetando a rentabilidade dos bancos.

Com efeito, os testes de resistência globais mostram que um grande número de bancos sofreria perdas de capital num cenário adverso de estagflação, incluindo algumas instituições sistémicas na China, na Europa e nos EUA.

Tendo em conta o número significativo de bancos fracos no sistema financeiro mundial e o risco de contágio a outras instituições mais fortes, o FMI defende a aplicação de normas comuns, tais como um capital e uma liquidez mínimos, e o reforço da supervisão, de modo a estar preparado para intervir atempadamente.

"As autoridades nacionais devem efetuar testes de resistência exigentes" para examinar os possíveis efeitos de uma queda nos pagamentos dos credores e de uma queda acentuada nos preços do imobiliário.

No caso da China, o FMI insta à implementação de políticas para restaurar a confiança no setor financeiro, a fim de evitar repercussões no setor bancário, nas empresas e nos governos locais.

No relatório, o FMI insiste que os bancos centrais terão de manter a política monetária restritiva durante mais tempo, uma vez que a inflação de base continua elevada em muitos países.

"Os bancos centrais devem manter-se firmes na sua luta contra a inflação até que existam provas tangíveis de que esta se está a aproximar de forma sustentável dos seus objetivos", sublinha o relatório, que recomenda prudência em relação a uma flexibilização agressiva das taxas de juro face aos progressos notáveis registados em alguns países.

Além disso, o FMI estima que os investimentos para atenuar as consequências das alterações climáticas nas economias desenvolvidas e emergentes ascenderão a cerca de dois biliões de dólares por ano até 2030, exigindo uma série de reformas estruturais e financeiras para criar um ambiente atrativo para o setor privado.

Para maximizar o impacto climático dos investimentos, o relatório defende o estabelecimento de taxonomias para ajudar os investidores a identificar as atividades que reduzirão as emissões de gases com efeito de estufa ao longo do tempo.