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Governo brasileiro anuncia investigação a omissões na crise humanitária dos Yanomani

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O ministro da Justiça do Brasil anunciou hoje que a Polícia Federal vai investigar eventuais omissões de funcionários públicos, de todos os níveis, sobre a crise humanitária que afeta a comunidade indígena Yanomami.

Este anúncio surgiu poucos dias depois de o próprio governante ter visitado a zona onde vive aquela comunidade juntamente com o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que qualificou a situação de "genocídio".

"Não tenho dúvidas, embora obviamente não me caiba julgar, que há fortes indícios da prática do crime de genocídio", afirmou Flávio Dino durante um encontro com a imprensa.

O responsável pela pasta da Justiça brasileira explicou que as mortes por desnutrição e doenças curáveis, o desvio de dinheiro que se destinava à compra de remédios e vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2, ou "pouco ou nenhum" acesso aos sistemas de saúde "levam a um cenário de possível desmonte [retirada] intencional" de serviços para o povo Yanomami.

As declarações do ministro da Justiça vão ao encontro das expressas há dias pelo Presidente Lula da Silva, após a sua visita a Roraima, onde constatou a difícil situação daquela comunidade indígena.

"Mais do que uma crise humanitária, o que vi foi (...) um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro", afirmou na ocasião.

O Governo relaciona esta situação com os incentivos e a defesa que era oferecida aos exploradores ilegais de ouro e outras pedras preciosas, os garimpeiros.

Flávio Dino referiu que no relatório que enviou à Polícia faz alusão, com especial atenção, a este assunto.

"Temos estimulado o garimpo ilegal na Amazónia brasileira. Já tivemos até o ex-presidente Jair Bolsonaro visitando um garimpo que ainda não tinha a sua situação regularizada", lembrou.

O Ministério dos Povos Indígenas informou esta semana que cem crianças de 1 a 4 anos da comunidade Yanomami morreram de desnutrição, pneumonia e diarreia em consequência do avanço do garimpo ilegal, responsável pela contaminação de rios e campos da região em que vive esta comunidade. Um aumento sério dos casos de malária também foi relatado no ano passado.