Fact Check Madeira

Falso alerta de casal que precisa de habitação para acompanhar bebé no hospital do Funchal

No Facebook circula um pedido de ajuda para encontrar uma habitação para um casal açoriano que acompanha um bebé prematuro transferido para o Hospital Dr. Nélio Mendonça. Na realidade, a família tem alojamento garantido
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“Estes pais estão desesperados, precisam de ajuda para um quarto ou uma casa. Será que vocês sabem de alguma casa para alugar?” É neste tom algo dramático que foi publicado, ontem, um apelo num dos grupos mais populares do Facebook relacionados com a Madeira (Ocorrências) para a necessidade de ser prestado apoio a um casal açoriano que supostamente precisava de alojamento para acompanhar uma bebé prematura que foi transferida para o Hospital Dr. Nélio Mendonça no final do ano passado. Segundo o DIÁRIO apurou junto da família em causa, a situação clínica é verdadeira mas o problema de falta de habitação não se coloca, já que a mesma está assegurada e os respectivos custos são suportados pelo Governo Regional dos Açores.

De facto, há cerca de mês, uma bebé prematura, nascida nos Açores, foi transferida para a Madeira, para receber acompanhamento especializado. Desde essa altura encontra-se internada no serviço de neonatologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Segundo relatou hoje a mãe, para acompanhar a recém-nascida, ela e o marido tiveram de alugar um apartamento no Funchal, cuja renda é paga com o apoio financeiro disponibilizado pelo serviço de saúde açoriano.

Nós não estamos propriamente a viver na rua, nem debaixo da ponte. Também não estamos desesperados. O nosso único desespero é ver o nosso bebé bem. Sabemos que o caminho será longo. Mãe da bebé internada no Hospital Dr. Nélio Mendonça

De onde surgiu, então, o dramático apelo para se encontrar uma habitação para a família açoriana? Segundo a mencionada mãe, que pediu para não ser identificada, numa conversa com uma cidadã madeirense que conheceu no hospital, referiu-lhe que, como a sua bebé deverá ficar várias semanas internada e mesmo após a alta terá de ser acompanhada pelos especialistas médicos, estava à procura de outro apartamento no Funchal, que pudesse alugar à semana. Apesar de estar a solicitar ajuda para encontrar um novo alojamento, não imaginava que a sua interlocutora colocasse a situação no Facebook, com uma interpretação incorrecta: "Ela exagerou no apelo e não deveria ter falado na nossa vida privada. Poderia ter falado no caso com os amigos dela, que poderiam ter um apartamento para alugar, mas não falar na situação publicamente. Esta foi uma preocupação desnecessária para nós, pois já temos muito com que nos preocupar".

A cidadã explicou que o apoio que recebe do Governo Regional dos Açores chega para cobrir as despesas com o apartamento e garantir a subsistência do casal. "Nós não estamos a passar fome", sossega a recém-mãe, que tem contactos regulares com a assistente social do seu local de residência e é acompanhada igualmente pela assistência do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

O apoio que é prestado pelo governo açoriano na deslocação de doentes é garantido nos mesmos moldes pelo Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM), tanto para os doentes deslocados, como para os familiares que os acompanham. "Os nossos doentes também têm apoio quando há necessidade de fazer o seu encaminhamento para tratamento no serviço público nacional ou nos serviços privados nacionais, bem como os doentes do Porto Santo que vêm para a Madeira. O nosso serviço de acompanhamento assegura o pagamento dos custos associados à viagem, transferes, alojamento e alimentação", informou Rafaela Fernandes, presidente do conselho de administração da empresa pública de saúde.