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Reabertura da China é "boa notícia" para Portugal

Foto Shutterstock
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A Associação de Turismo Chinês em Portugal considera que a reabertura da China é "boa notícia" para Portugal, à medida que operadores em todo o mundo se preparam para o regresso de dezenas de milhões de chineses ao mercado global.

"A reabertura da China é uma boa e positiva notícia para a indústria do turismo em Portugal", disse à agência Lusa Yong Liang, presidente da associação, que foi fundada em fevereiro de 2019, com o objetivo de promover Portugal na China como destino turístico.

Frisando a importância de aumentar a frequência da ligação aérea entre os dois países, Liang disse acreditar que o número de turistas a visitar Portugal vai aumentar "mês a mês".

A associação estabeleceu anteriormente como objetivo atingir um milhão de turistas chineses em 2025.

"Com a pandemia, talvez demoremos um pouco mais, mas vamos continuar a trabalhar para esse primeiro objetivo, bem como para dar resposta ao desafio que nos foi apresentado de aumentar a estada média dos turistas chineses em Portugal", afirmou Yong Liang.

Segundo dados facultados à Lusa por Tiago Brito, o representante permanente do Turismo de Portugal na China, mais de 385 mil chineses visitaram Portugal em 2019, o último ano antes da pandemia. Os turistas oriundos da China gastaram, no total, 224 milhões de euros no país, um crescimento de 20%, face a 2018.

Os chineses estão entre os turistas que mais gastam.

A China, o maior emissor de turistas do mundo, manteve as fronteiras encerradas durante quase três anos, no âmbito da política de 'zero casos' de covid-19, que foi desmantelada, no mês passado, após protestos ocorridos em várias cidades do país.

No âmbito daquela política, quem chegava ao país tinha que cumprir um período de quarentena de até três semanas em instalações designadas. O número de voos internacionais foi reduzido até 2% face ao período anterior à pandemia.

A ligação aérea entre Portugal e a China passou a ser feita apenas uma vez por semana. Até ao início da pandemia, o voo realizava-se três vezes por semana.

A companhia aérea Beijing Capital Airlines, que opera a ligação, previu à Lusa que a reposição da frequência original deve ser feita até ao verão, apontando que as agências chinesas ainda não estão a organizar viagens para Portugal e Espanha.

"Vai depender da evolução do mercado", referiu fonte da empresa.

A escassez de voos comerciais para a Europa, os muitos chineses com passaportes expirados ou sem visto Schengen, significam que o impacto da reabertura da China pode levar algum tempo para se materializar.

Yang Qian, uma chinesa natural da província de Hebei, norte da China, disse à Lusa que teve que adiar o agendamento para pedir um passaporte, face à fila de espera "de horas" que se forma agora todos os dias na Divisão de Administração de Saídas e Entradas do Departamento de Segurança Pública de Pequim, a agência encarregue de fazer e renovar o documento de viagem.

O Instituto de Pesquisa de Turismo Externo da China estimou que 18 milhões de turistas chineses vão viajar além-fronteiras no primeiro semestre do ano, seguidos por 40 milhões no segundo.

Em 2019, 155 milhões de chineses viajaram para o exterior, de acordo com uma análise do banco de investimento norte-americano Citigroup.

A mesma análise apurou que, no total, os turistas oriundos da China continental gastaram 255 mil milhões de dólares (235 mil milhões de euros) no exterior, no último ano antes da pandemia.

A análise projetou uma recuperação sólida, no primeiro trimestre de 2023, e um retorno em massa do turismo, no segundo.

"Este ano vou certamente viajar além-fronteiras", explicou à Lusa Han Qing, um chinês natural de Pequim. "Está na altura de reconectar com o mundo", acrescentou.