A Guerra Mundo

Zelensky diz que Portugal está entre países prontos a enviar tanques

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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instou hoje a Alemanha a permitir o fornecimento à Ucrânia de tanques de guerra ocidentais, como o 'Leopard 2', assegurando que vários países europeus, incluindo Portugal, estão disponíveis para os fornecer.

"Muitos países estão preparados para nos entregar tanques, estão motivados e apoiam-nos, mas estão à espera dos documentos relevantes dos países que têm o direito de autorizar (...) Estamos todos à espera do consentimento do país [fabricante] que detém os direitos sobre as respetivas licenças", afirmou o chefe de Estado ucraniano, citado pela agência Interfax-Ukraine.

Zelensky citou, em particular, Portugal, Espanha, Polónia e Finlândia como países que estão dispostos a enviar tanques de guerra, alguns deles "até um pequeno número dos tanques que têm".

Numa conferência de imprensa em Kiev com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o Presidente ucraniano reconheceu que esta é uma questão "muito delicada", que "depende de muitas razões" e não apenas da "vontade da Ucrânia".

O fornecimento de tanques de guerra ocidentais como o 'Leopard 2' alemão será um dos tópicos de discussão desta sexta-feira na reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, em Ramstein, na Alemanha.

Questionada sobre a possibilidade de fornecimento de carros de combate à Ucrânia, fonte do Ministério da Defesa referiu à agência Lusa que a ministra da Defesa, Helena Carreiras, participará na reunião do Grupo de Contacto de Defesa e que apenas após a reunião entre parceiros e aliados é que serão divulgados os próximos passos no apoio a Kiev.

Qualquer remessa de veículos blindados de fabrico alemão para um terceiro país deve ser autorizada pelo governo de Berlim, mas a Alemanha até agora recusou-se a autorizar a sua entrega a Kiev, pretendendo que a decisão seja tomada em coordenação com os aliados.

Sobre a reunião de Ramstein, o Presidente ucraniano sublinhou hoje que serão abordadas questões que nesta altura são "prioritárias" para Kiev, porque "o resultado do combate depende das decisões" tomadas, realçando que as expectativas do seu governo sobre o mesmo eles são "positivos".

A Alemanha tem estado sob forte pressão de vários dos seus aliados para fornecer a Kiev tanques Leopard 2, depois de já ter fornecido blindados do tipo Gepard (viatura alemãs de combate antiaéreo de alta tecnologia) e de se ter comprometido a enviar Marder (veículos de combate de infantaria da Alemanha, usados na Guerra Fria), enquanto na segunda-feira começou a levar baterias do sistema Patriot para a Polónia.

O Reino Unido já prometeu 14 tanques pesados Challenger 2 e 600 mísseis Brimstone e a Polónia diz estar pronta a enviar 14 tanques Leopard 2 de fabrico alemão, se Berlim permitir o seu envio para a Ucrânia.

Os Estados Unidos já forneceram tanques de guerra Bradley para Ucrânia e continuarão a enviar equipamento militar para as forças de Kiev.

Os Bradleys são tanques de batalha com blindagem mais leve e um canhão menor, normalmente de 25 mm em comparação com os Abrams, de 120 mm, que os EUA consideram inapropriados para o conflito na Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.