Madeira

Madeira não terá capacidade para absorver todos os médicos que forma

No entender do director clínico do SESARAM, a Região está a “formar [médicos] especialistas para o Mundo”

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Júlio Nóbrega referiu que um médico nunca deverá se escusar da responsabilidade de salvar uma vida e destacou o posicionamento do SESARAM e da Madeira em querer ser “o melhor Sistema de Saúde do Mundo”.

Foi na apresentação das boas-vindas aos novos médicos internos que hoje iniciaram a sua formação no Serviço Regional de Saúde (SESARAM), que Júlio Nóbrega afirmou que, no futuro, a Madeira poderá não conseguir absorver todos os médicos que fazem a especialidade na Região, embora se verifiquem carências de clínicos em especialidades como Ortopedia, Anatomia Patológica, Anestesiologia e Oftalmologia. 

“Em algumas especialidades, nós neste momento estamos a dar formação que vai ultrapassar a nossa capacidade de integração no futuro. Ou seja, nós estamos com a preocupação de formar especialistas para o Mundo e não só para cobrir as nossas necessidades”, referiu o médico intensivista, que, ao longo da sua intervenção notou, várias vezes, que o utente deve ser sempre o foco de qualquer médico.

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São 79 os médicos internos que iniciam hoje a sua formação geral e específica no Serviço Regional de Saúde (SESARAM).

O director clínico do SESARAM não especificou que especialidades estavam em causa, mas deixou claro que a Madeira está a “formar especialistas para o Mundo”, realçando que a escolha dos jovens médicos pela Região vem corroborar o investimento que tem sido feito na melhoria das condições dadas aos profissionais de saúde, evidenciando, assim, “a qualidade formativa” do Serviço de Saúde madeirense.

À qualidade do serviço prestado ao utente/doente, Júlio Nóbrega associa a aposta na investigação e na formação, nomeadamente as sessões e revisões temáticas ou visitas clínicas que acontecem diariamente.

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Nesse âmbito, disse ser um aspecto relevante o facto de a Madeira disponibilizar gratuitamente várias formações que têm carácter obrigatório no percurso formativo dos médicos, contrariamente ao que acontece no continente, onde, conforme atestou, essas mesmas formação têm custos elevados. Na sua opinião, esse será mais um factor decisivo no momento da escolha dos hospitais onde os jovens médicos fazem a sua formação especializada.

As novas tecnologias, a digitalização e a Inteligência Artificial não foram esquecidos pelo director clínico, que reconheceu a importância da “medicina de precisão”, ao mesmo tempo defendeu que os médicos não podem pedir escusa de responsabilidade, escudando-se no código deontológicos, em alusão aos problemas verificados em vários hospitais do país, que tem levado ao encerramento de serviços e de urgências.

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Perspetivando os próximos tempos, Júlio Nóbrega assumiu, sem qualquer estigma, que a Madeira quer ter “o melhor Sistema de Saúde do Mundo”, almejando ser uma referência internacional em algumas áreas. “O nosso objectivo, a nossa visão, é quando um doente dos Estados Unidos, na Clínica Mayo, ou na Suécia, no Karolinska, tem uma doença… há um médico que lhe transmite ‘você tem esta doença’, e então ele pergunta ‘mas eu gostava de ter uma segunda opinião. Sr. Dr. diga-me onde é que eu posso ter uma segunda opinião, quero o melhor sítio do Mundo para ter uma segunda opinião’. E na clínica Mayo ou no Karolinska dizem ‘vá ao SESARAM’”, referiu Júlio Nóbrega, assegurando que em algumas áreas isso já acontece.

Pelo mesmo diapasão falou Ana Paula Reis. A responsável pelo Internato Médico na Madeira, ao dizer-se muito satisfeita pela escolha dos jovens médicos pelo SESARAM, destacou as várias apostas formativas que o Serviço de Saúde regional tem levado a cabo, com o objectivo de "proporcionar as melhores condições aos médicos em início de carreira". 

Quanto aos jovens médicos que iniciaram hoje o seu percurso formativo no SESARAM, a responsável reconhece-os como "força fulcral" na actividade do serviço de saúde regional, dizendo que está nas suas mãos o futuro das instituições.