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A maioria de António Costa

A maioria do Costa está a incomodar muita gente, nomeadamente os poderes corporativos instituídos e os grandes lobbies financeiros, por isso estou a prever o mandato de quatro anos muito difícil de levar até o fim. A alguém Interessa uma geringonça com o PCP e o BE a extremar condições, pois aí há desestabilização social tanto ao gosto da oligarquia.

Quer os lobbies da alta finança ou os poderes corporativos têm imenso peso social e, quando o Governo não serve os seus interesses obscuros começa o ruído social como agora acontece com o lobbie da construção que tenta mudar o novo aeroporto de Lisboa, ora para o Montijo, para a Ota ou Alcochete. Só não falam no aeroporto internacional de Évora porque está praticamente feito e não rende tantos milhões aos construtores. O lobbie dos aeroportos tem-se feito notar com congestionamentos sobretudo na Europa e com a ANA a empurrar para a TAP o caos nos aeroportos. A TAP, por sua vez, faz paralisações que deixam milhares de passageiros em terra sem explicação pois as remodelações na companhia parece não agradar a todos. O forte lobbie dos médicos também já veio, através do presidente da ordem, invocar incidentes com as urgências como tal nunca se viu. A indústria farmacêutica atira a pedra mas esconde a mão, não dá a cara mas mexe-se muito bem nos bastidores. O lobbie do ensino, através dos sindicatos, desestabiliza a classe docente apontando os baixos vencimentos e horários impróprios. A justiça também entra no “bailarico” alegando não ter pessoal qualificado para agilizar a demora que se verifica nos processos. O lobbie dos combustíveis sufoca toda a economia do país porque tudo depende deles. Atenção, não estou a dar ou restringir a razão a ninguém, estou apenas a constatar factos inegáveis que estão a criar uma enorme pressão na sociedade que não deixará margem de manobra a um Governo, mesmo com maioria absoluta.

Para compor o ramalhete vem o oportunista do Chega, André Ventura, apresentar uma moção de censura a um Governo com maioria absoluta acabado de tomar posse sabendo que, mesmo com toda esta desestabilização social ninguém o apoiaria. Ventura já demonstrou não ter medo do ridículo se isso lhe der visibilidade nas páginas dos jornais tal como aconteceu com o famigerado caso dos ciganos. Ele usa qualquer estratagema e esta moção serviu mais para comprometer a nova liderança de Luís Montenegro, recentemente eleito à frente do PSD, tentando cola-lo à extrema direita.

Por seu lado, por altura do congresso do PSD entre 1 e 3 de junho, o dr. Luís Montenegro, para agradar aos militantes, veio com o esfarrapado discurso de querer tirar Portugal do Socialismo - consulte o dicionário e defina a palavra socialismo - para que o país saia da pobreza.

Afinal o que é o socialismo democrático? É exatamente ajudar os mais desprotegidos de sociedade empobrecida que os grandes lobbies criaram. Ele sabe que o problema do nosso país, e do mundo, passou de uma situação conjetural para conjuntural que afeta sobretudo as camadas mais carenciadas onde até os países mais pobres precisam da ajuda dos mais ricos para sobreviver. Está a acontecer.

Então que irá Montenegro fazer? Vai retirar apoios aos pobres que não conseguem acompanhar o alto custo de vida e deixa-los morrer de fome num canto da rua? Retirar apoios às IPSS e deixar a população vulnerável, desamparada? Retirar apoios ao SNS e obrigar os cidadãos a comprar seguros de saúde sabendo que a maioria mal consegue enfrentar o custo de vida? Vai retirar apoios ao ensino superior quando sabe que a maioria dos pais não tem posses para pagar universidades caras se não forem ajudados com bolsas de estudo? Montenegro não vai acabar com nada. Esta é a pura realidade que o capitalismo selvagem criou para controlar as massas e até os governos. Poderá prometer o que quiser para ganhar eleições mas sabe que se for Governo não conseguirá acabar com este cancro social. Terá forçosamente que continuar com o modelo do socialismo e só lhe mudará o nome para social democracia, conservador, liberal ou republicano, porém, jamais conseguirá acabar com esta gritante desigualdade social. Qualquer Governo eleito, uns mais acertadamente outros menos, tentará mitigar este flagelo, porém jamais fugirá a este pobre padrão social. Já há muito vaticinei, nesta página, que o mundo caminha inexoravelmente para a extinção da classe média onde ficará apenas a classe dos muito ricos e os muito pobres. Está a acontecer. A pobreza é, hoje, uma instituição criada pelos corruptos e oligarcas para controlar a sociedade.

Não se iludam com o slogan “o povo é quem mais ordena” ouvido em altura de eleições, pois sabemos que a nossa voz não extravasa as ruas, as travessas, os becos ou os bairros sociais.