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O referendo na Escócia

Nicola Sturgeon, a primeira-ministra da Escócia, anunciou para outubro de 2023 um novo referendo pela independência. A razão é simples, para além da primária, a da separação do Reino Unido, trata-se de querer voltar a pertencer à União Europeia e só o poder fazer como país independente.

Para Boris Johnson, quando ainda não tinha sido forçado a demitir-se, não fazia sentido haver outra consulta popular já que a realizada em 2014 dera 55% de votos a favor da permanência. A seu ver os interessados não teriam mudado de opinião tão cedo.

Nada mais errado. Mudou tudo. Antes eram da UE e agora, fruto do Brexit, já não são. Este dado, actual e distinto, é suficientemente relevante.

A favor de Sturgeon estão os 74% que votaram “não” ao Brexit e ao afastamento da UE. Vai ser difícil argumentar contra o que democraticamente foi aceite em 2014. Inexistirão razões para que não aconteça de novo já que os factos mudaram radicalmente. Continuar no Reino Unido integrado na UE não é a mesma coisa que continuar sem que este faça dela parte. E podendo a Escócia regressar se for independente.

A pergunta prevalente em 2014, no anterior referendo, era se os escoceses queriam sair do Reino Unido, agora a questão-chave é se querem voltar a pertencer à União Europeia. Há o forte risco do resultado vir a ser diferente e, com isso, verem a Escócia partir.

Se assim for, e se ainda estivesse Boris no poder, nada como uma festinha no “10 Downing Street”, para a malta esquecer. Com copos, mas sem saias. Escocesas, claro. Mas o seu sucessor pode não ser de festas. Nem de copos.