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Brasileiros ignoram autoridades e festejam Carnaval fora de época nas ruas

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Foto EPA

Centenas de foliões ignoraram a decisão das autoridades de São Paulo, no Brasil, de não realizar o Carnaval de rua devido à pandemia, vestiram fantasias e saíram cedo, esta quinta-feira, num bloco de rua não oficial para aproveitar a folia.

Este ano, São Paulo e Rio de Janeiro, cidades que organizam dois dos maiores carnavais do Brasil, adiaram os desfiles das escolas de samba que estavam marcados para fevereiro para um feriado local que termina no domingo.

As autoridades justificaram a mudança para evitar uma maior proliferação do novo coronavírus que provocou uma terceira vaga da covid-19 em janeiro com a chegada da variante Ómicron, mas que agora deu uma trégua ao país.

Ivan Martins, 61 anos, vestia seus trazes de chita, tipo de tecido florido e colorido tradicional do Brasil logo cedo e explicou que o Carnaval de rua modificou a cultura de São Paulo quando passou ser um grande evento e, agora, numa situação melhor da pandemia, ele e o seu grupo de amigos decidiram que era hora de voltar a ocupar as ruas.

Comentado a posição das autoridades locais de mudar a data das comemorações de Carnaval sem apoiar eventos de rua, o folião avaliou que foi uma decisão acertada do ponto de vista sanitário, mas reflete um problema das autoridades em aceitar a cultura popular.

"Foi impossível fazer o Carnaval em fevereiro, ficamos dois anos sem o Carnaval e as pessoas estavam ansiosas para sair nas ruas para voltar a tocar, para voltar a dançar. O problema é que a prefeitura não organizou o Carnaval fora de época e decidiu depois que o Carnaval de rua não iria acontecer", afirmou.

As principais escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro farão seus desfiles a partir desta sexta-feira nos sambódromos em eventos fechados e oficiais que são apoiados pelas autoridades das duas cidades.

Já os eventos abertos de rua, tanto em São Paulo quanto os do Rio de Janeiro, não têm apoio das autoridades, o que não foi suficiente para evitar a adesão de foliões aos festejos fora de época.

Outra integrante do bloco Saia de Chita, Luciana Lima, de 37 anos, que esperava sua hora de desfilar pela praça onde o bloco se concentrou avaliou que o Carnaval representa um momento em que as pessoas saem da rotina, de alegria e de ocupação do espaço publico.

"O Carnaval está acontecendo, mas o Carnaval de rua coloca algumas questões, e a ocupação do espaço público, uma disputa do que a gente entende com cidade. Então a prefeitura não está tão feliz", explicou a adepta das festas de rua.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, justificou a não autorização dos desfiles dos blocos de rua alegando que não foi possível planear a festa com a antecedência necessária.

Várias associações de blocos da cidade chegaram a apresentar um manifesto pedindo apoio para celebração do Carnaval de rua até domingo, mas o prefeito não cedeu.

Na quarta-feira, as autoridades de São Paulo realizaram uma reunião com representantes dos maiores grupos de foliões e chegaram a propor desfiles dos blocos em julho, mas não houve acordo.

Grupos como o Saia de Chita, que fizeram seu cortejo nas ruas da Vila Anglo, um bairro da zona oeste da cidade, optaram por contrariar a orientação da prefeitura e desfilar depois de dois anos sem festejos.

"Estamos em um momento como bloco de reestreia. Ficamos dois anos, sem tocar, sem se encontrar, sem se ver. Estamos todos querendo tocar juntos, ficar juntos, vai ser muito empolgante", concluiu a percussionista do bloco Saia de Chita Andresa Tonasso Galli, de 36 anos.