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Cerca de 5,5 toneladas de cocaína incineradas na lixeira da Praia

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Foto Shutterstock

Cerca de 5,5 toneladas de cocaína apreendidas pelas autoridades cabo-verdianas numa megaoperação realizada em alto mar com o apoio da Marinha norte-americana começaram hoje a ser incineradas na lixeira da Praia, indicou fonte da Polícia Judiciária.

A droga está a ser queimada no Aterro Municipal da capital, nos arredores da cidade, sob fortes medidas de segurança e após um processo de contagem e certificação pelas autoridades judiciárias que se prolongou por toda a manhã.

Em apenas três operações antidroga, desde fevereiro de 2019, aquela lixeira, por onde vagueiam cães e vacas à procura de alimento, já foi palco da incineração de mais de 17 toneladas de cocaína, quantidades apreendidas em embarcações em alto mar, provenientes da América do Sul.

Em 07 de agosto de 2019 foram ali destruídas quase 2,3 toneladas de cocaína apreendidas dias antes, a bordo do pesqueiro "Perpétuo Socorro de Abaete II", de bandeira do Brasil e com cinco marinheiros brasileiros que foram mais tarde condenados pelo Tribunal da Praia a dez anos de prisão cada um.

Antes, em 31 de janeiro de 2019, a maior operação antidroga em Cabo Verde levou à apreensão de 9,5 toneladas de cocaína em 260 fardos -- incinerados da mesma forma naquele aterro dias depois - no navio cargueiro "Eser" que navegava em alto mar com bandeira do Panamá e tripulação russa. O comandante do navio foi condenado a 12 anos de prisão pelo Tribunal da Praia e os restantes dez tripulantes a dez anos cada um.

O Tribunal da Praia aplicou na sexta-feira a prisão preventiva aos sete detidos na megaoperação antidroga realizada pelas autoridades cabo-verdianas, apoiadas pela marinha norte-americana, entre os quais cinco brasileiros, com a apreensão destas cerca de 5,5 toneladas de cocaína hoje destruídas, que estava avaliada em 350 milhões de dólares (322,5 milhões de euros).

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Cabo Verde, os detidos, tripulantes da embarcação de pesca "Alcatraz I", de pavilhão brasileiro, incluindo ainda dois de nacionalidade montenegrina, têm entre 32 e 66 anos, encontrando-se indiciados pela prática do crime de tráfico internacional de estupefacientes.

Num comunicado da PGR divulgado na sexta-feira é referido que foram apreendidos 5.461,2 quilogramas de cocaína distribuídos em 214 fardos, enquanto a Polícia Judiciária continua a referir uma apreensão de 5.668 quilogramas de cocaína. O paradeiro do navio de pesca com bandeira do Brasil alvo das buscas continua por esclarecer por parte das autoridades envolvidas na operação.

A interceção do navio foi feita em 01 de abril, a 503 milhas náuticas (931 quilómetros) a nordeste do Porto da Praia, onde a droga apreendida e os detidos chegaram cinco dias depois.

A operação foi realizada pela Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde, através da Secção Central de Investigação de Tráfico de Estupefacientes, em conjunto com as Forças Armadas, através da Guarda Costeira, coordenada pelo Centro de Análise e Operações Marítimas - Narcóticos (MAOC-N).

Contou ainda com a colaboração da Polícia Federal do Brasil, da Drug Enforcement Administration (DEA) norte-americana, da Marinha dos Estados Unidos da América (EUA) e da National Crime Agency do Reino Unido.

O Comando das Forças Armadas norte-americanas para África (Africom) confirmou na quinta-feira o apoio a esta operação das autoridades cabo-verdianas.

O Africom confirma o envolvimento nesta operação, de apoio à PJ cabo-verdiana, do navio de guerra da Marinha norte-americana "USS Hershel 'Woody' Williams", de 239 metros, uma base móvel expedicionária, que em 01 de abril do navio, com fuzileiros navais dos Estados Unidos da América (EUA), apoiou a interceção de um barco de pesca com a carga suspeita, em águas de Cabo Verde.

"As nossas parcerias de longo prazo com os Estados africanos, incluindo Cabo Verde, são vitais para enfrentar ameaças como terrorismo, tráfico ilícito e pirataria, e construir capacidade na região para garantir segurança e estabilidade a longo prazo", afirmou o major-general Gregory Anderson, diretor de operações do Africom, citado num comunicado do comando africano dos EUA.