Mundo

Ataque armado mata mais de 60 vigilantes civis voluntários na Nigéria

None

Mais de 60 membros de um grupo de vigilantes civis voluntários morreram no domingo após um ataque de homens armados não identificados contra uma localidade do estado de Kebbi, no noroeste da Nigéria, confirmaram hoje ativistas da sociedade civil.

"Bandidos atacaram Sakaba (...) na noite de domingo e mataram mais de sessenta pessoas. Também sequestraram muitos aldeões e roubaram gado", disse à agência Efe por telefone o presidente da organização Vanguarda de Kebbi para a Paz, Abdullahi Dahiru.

Segundo Dahiru, "todas as pessoas assassinadas faziam parte do grupo de vigilância Yan Sa Kai, que tinha planeado uma operação contra os bandidos", termo usado no país para os grupos criminosos que cometem ataques mortais e sequestros.

Na Nigéria, há vários grupos de civis voluntários que apoiam as forças de segurança na sua luta contra estes grupos e recebem recursos e armas pouco sofisticadas dos governos regionais, como machetes, lanças ou pistolas.

Yan Sa Kai é o principal grupo que opera no norte do país, onde as autoridades de alguns estados, como Kaduna ou Katsina, o proibiram, acusando os seus membros de cometer homicídios extrajudiciais.

Por outro lado, Abubakar Tanku, líder comunitário da localidade de Zuru (onde se encontra Sakaba), disse à Efe que já foram recuperados mais de 62 cadáveres.

"Recuperámos mais de 62 corpos. Todos foram enterrados. Tratava-se de vigilantes que nos protegiam. Agora estamos completamente indefensos", lamentou Tanku.

O porta-voz da polícia de Kebbi, Nafiu Abubakar, confirmou o ataque, mas disse que ainda estão a ser "trabalhados os pormenores" sobre as vítimas.

Kebbi, assim como outros estados do centro e noroeste da Nigéria, sofrem ataques incessantes por parte de grupos armados e uma onda de sequestros massivos com o objetivo de obter resgates.

Estes ataques continuam, apesar de reiteradas promessas do Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, de acabar com o problema e da colocação de mais forças de segurança na zona.

A esta insegurança no noroeste da Nigéria junta-se a violência registada desde 2009 no nordeste pelo grupo 'jihadista' Boko Haram e, desde 2016, pelo grupo Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).

Os dois grupos assassinaram mais de 35.000 pessoas e causaram cerca de 2,7 milhões de deslocados internos, sobretudo na Nigéria, mas também em países vizinhos como os Camarões, Chade, ou Níger, dizem números governamentais e da ONU.