Europa do Sul

Assisti a parte da entrevista que, há cerca de quinze dias, o então ministro da economia, Siza Vieira, concedeu a um canal de televisão nacional. Entre outros temas tratados, um deles despertou-me particular atenção por ser um assunto que já abordei neste espaço e nas redes sociais : a criação de o Grupo de Países do Sul da Europa. É pena que só agora possa acontecer e que tenha por finalidade , aparentemente só, tentar enfrentar os problemas de natureza energética criados pela invasão da Ucrânia pela Rússia, sob o comando do fascista Putitler.

Na realidade, a confirmar-se esta iniciativa, é um exemplo de que, muitas vezes, o todo é maior que a soma das parte. Portugal , Espanha, Itália e Grécia ,em conjunto, representam uma força que é muito maior que a soma de cada um , na defesa de interesses comuns face aos ditames de Bruxelas.

Todos juntos, são autossuficientes na área da agropecuária e, a haver alguma falha, esta é também extensível à restante União Europeia. No domínio da tecnologia, têm do melhor que existe nos países mais desenvolvidos. Possuem uma enorme plataforma marítima, enriquecida com a componente insular, que urge explorar e defender da pirataria que ataca os seus recursos. Têm uma enorme valor geoestratégico pela proximidade com a América do Norte e do Sul, bem como da África, mantendo com os países destes continentes uma relação de proximidade, a que não é estranho um passado histórico comum. O clima, mais ameno e com mais horas de sol, é outra mais valia desta região, não só por poder proporcionar uma melhor qualidade de vida , como pela enorme capacidade de gerar energia limpa se lhe juntarmos outras fontes , como as ondas do mar e o vento.

Tudo isto permite enfrentar, de cabeça levantada, a soberba dos países do Norte da Europa, bem como o poder e cinismo do eixo franco-alemão . É altura de promover a autoestima de um conjunto de países, cuja população é considerada indolente e parasita por grande número dos nossos parceiros europeus. Não é inocente a pejorativa designação de “ PIGS” quando se querem referir a Portugal, Itália, Grécia e Espanha. É urgente esta união, preferencialmente, no quadro da União Europeia. Assim, haja vontade , capacidade e liderança para a concretizar.

António Macedo