A Guerra Mundo

Movimento das forças russas para fora de Kiev pode ser estratégico

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A movimentação para norte, nas últimas 24 horas, de parte das forças russas que se encontravam em redor de Kiev pode ser uma estratégia para reabastecer e reposicionar os militares, alertou hoje o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, explicou que para os Estados Unidos estas movimentação em direção à Bielorrússia não significam uma retirada, mas uma tentativa da Rússia em reabastecer e reposicionar as suas tropas.

"Não sabemos exatamente para onde é que estas tropas vão", salientou em declarações à CNN e Fox Business, citado pela agência Associated Press (AP).

O diretor de comunicação do Departamento de Defesa norte-americano lembrou que Rússia estabeleceu como meta priorizar a região do Donbass, no leste ucraniano.

A Rússia também anunciou, após conversações na terça-feira com negociadores ucranianos em Istambul, que iria reduzir as suas atividades em torno de Kiev e Chernihiv num gesto para aliviar a pressão e ajudar as conversações a encaminhar-se para um acordo.

Um conselheiro do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse hoje, em declarações a uma televisão, que a Rússia transferiu algumas das suas tropas de áreas próximas de Kiev, a capital do país, para leste, num esforço para cercar as forças ucranianas naquela zona.

Oleksiy Arestovych referiu que a Rússia deixou, contudo, forças suficientes perto de Kiev para obrigar as tropas ucranianas a manter-se aí e impedi-las de se deslocarem para outras áreas e que Moscovo ainda não retirou nenhuma das suas tropas da cidade de Chernigiv.

Apesar da intenção de desescalada manifestada por Moscovo, o governador de Chernihiv, Viacheslav Chaus, disse que os ataques russos contra as infraestruturas civis continuaram durante a noite.

O Pentágono adiantou ainda que o secretário de Defesa, Lloyd Austin, e o chefe das Forças Armadas norte-americanas, o general Mark Milley, mantêm as tentativas de estabelecer contactos com os respetivos homólogos russos, mas "não obtiveram resposta".

Uma autoridade dos EUA, que falou sob condição de anonimato, disse também hoje que os serviços de informações norte-americanos descobriram que Putin já percebeu que foi engando pelas altas patentes militares russas e que há agora um clima de tensão entre o Kremlin e as Forças Armadas.

Os mesmos serviços concluíram que Putin não sabia que os militares estavam a recorrer a recrutas, que têm vindo a morrer em combate, e acreditam que o Presidente russo ainda não está totalmente ciente da extensão dos danos provocados pelas sanções económicas impostas pelo Ocidente, por causa da invasão da Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.