O destino desconhecido
é o caminho desta vida,
por mais que nele se sobe,
percorremos a descida.

Neste mundo a gente chega,
mesmo que seja atrasado,
é melhor do que no outro
chegar muito adiantado.

O fado nosso destino
é como a nossa fé,
todos sabem que existe
ninguém sabe como é.

Nem todos têm um berço,
mas todos têm caixão,
a gente nasce um dia,
para a terra todos irão.

A sorte não é o destino
este pode sorte dar,
sorte faz parte da morte
e parte da vida o azar.

As desculpas para tudo
estão no Diabo ou em Deus,
o culpado é o destino,
os males nunca são teus.

Por mais que tentes pescar
se o anzol não tiver isca,
Deus nunca te ajudará
e o peixe nunca belisca.

Não tem princípio nem fim,
ao contrário do que pensamos,
o destino por nós não passa,
nós pelo destino passamos.

*) Extrato do livro A casa da minha avó, de Filipe Corujeira, a sair em breve.