A Guerra Mundo

Renault anuncia suspensão das operações na fábrica de Moscovo

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O grupo automóvel francês Renault anunciou na noite de hoje suspender -- "a partir deste dia" -- as "atividades da fábrica" em Moscovo e avaliar "as possíveis opções relativas à sua participação" na sua subsidiária russa AvtoVAZ.

"Como resultado, o Grupo Renault é forçado a rever as suas perspetivas financeiras para o ano de 2022 com uma margem operacional do Grupo de cerca de 3%", contra os mais de 4% registados anteriormente, anunciou a multinacional num comunicado.

A Renault detém 69% da AvtoVAZ, que é líder de mercado russo com a sua marca Lada.

A decisão surge depois do chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter exortado hoje as empresas francesas implantadas na Rússia a pararem de apoiar "a máquina de guerra" russa e a abandonarem a Rússia, referindo como exemplos as marcas Renault, Auchan e Leroy Merlin.

"As empresas francesas devem abandonar o mercado russo. Renault, Auchan, Leroy Merlin e outras devem parar de ser as patrocinadoras da máquina de guerra da Rússia", sustentou, na declaração transmitida à Assembleia Nacional Francesa.

"Elas devem parar de financiar o assassínio de crianças e de mulheres, as violações...", insistiu, acrescentando que "todos devem lembrar-se de que os valores valem mais que os lucros".

A Rússia é também o segundo maior mercado do grupo automóvel Renault no mundo, a seguir à Europa. O fabricante francês está presente através do grupo AvtoVAZ, que interrompeu parte da sua produção em meados de março devido à falta de componentes, em consequência das sanções ocidentais impostas a Moscovo.

A Renault está ainda mais exposta por estar associada, na Rússia, ao grupo público russo Rostec, dirigido por Serguei Tchemezov, um aliado do Presidente russo, Vladimir Putin.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,60 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.