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AIEA pede à UE que apoie acordo sobre segurança das centrais nucleares

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Foto EPA

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pediu hoje apoio à União Europeia (UE) para estabelecer o acordo com Kiev e Moscovo que permita o envio dos seus especialistas e garanta a segurança das centrais nucleares ucranianas.

O diretor-geral da agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, explicou perante a Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia do Parlamento Europeu que um acordo sobre segurança nuclear com as autoridades ucranianas e russas está "bastante próximo".

"A cada dia que passa, estamos a assumir um risco desnecessário, mas conto com o vosso total apoio para enviar uma forte mensagem de que chegar a um acordo sobre este tema é para o benefício de todos e não em detrimento de ninguém", referiu o argentino aos eurodeputados, citado pela agência EFE.

O responsável da AIEA salientou que o acordo proporcionará o "compromisso" da Ucrânia e da Rússia para garantir uma série de "normas básicas" que têm sido "repetidamente violadas" desde que começou a invasão russa da Ucrânia.

Grossi alertou que estas violações representam um "grande risco" para a "população local, regional e europeia".

Um acordo facilitaria também a presença da organização no terreno, nas centrais nucleares da Ucrânia, um fator que seria "muito importante" como estratégia de "dissuasão" perante possíveis novas situações "perigosas", além de permitir ter acesso a informação "credível e objetiva", lembrou.

"Somos a única organização internacional que está em contacto e sabemos exatamente o que está a acontecer, mas queremos estar presentes", sublinhou Rafael Grossi, que, no entanto, afirmou que o acesso à informação é "cada vez mais difícil" porque "há narrativas dispares" sobre o que o que está a acontecer na Ucrânia.

O diretor-geral da agência da ONU acrescentou que o acordo que tem vindo a trabalhar será composto por sete pilares, entre os quais se destacam aspetos como a preservação da integridade física de todas as centrais, a manutenção das suas fontes de energia, a garantia das condições de segurança dos trabalhadores ou a garantia de acesso aos equipamentos ou componentes necessários ao seu funcionamento,

Rafael Grossi, que já demonstrou a sua disposição para viajar para a Ucrânia, de forma a garantir a assinatura do acordo com os russos e ucranianos, também reconheceu que a negociação é uma questão "sensível" e "delicada".

Mas negou a perspetiva que um acordo para garantir a segurança das centrais nucleares ucranianas "pode ser usado por Moscovo para legitimar" a sua presença no país vizinho.

"Posso garantir que nunca será assim. Sou um diplomata com 40 anos de experiência e sei o que significa integridade territorial. Ninguém vai assinar um documento que comprometa a sua integridade territorial", garantiu o responsável da AIEA.

No sábado, a agência nuclear das Nações Unidas recebeu a informação, por parte do regulador ucraniano, de que "oito dos quinze reatores do país continuam a funcionar, incluindo os dois na central nuclear de Zaporijia, três em Rivne, um em Khmelnytsky, e dois no sul da Ucrânia".

Ainda de acordo com o regulador ucraniano, "os níveis de radiação em todas as centrais nucleares estão na faixa normal e os sistemas de segurança a funcionar".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.