A Guerra Mundo

Irlanda admite expulsar diplomatas russos, mas quer canais com Moscovo

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Foto Departamento de Negócios Estrangeiros da Irlanda

O Governo irlandês assegurou hoje que não descarta a expulsão de diplomatas russos, mas reconheceu ser necessário manter "canais abertos" de comunicação com o seu embaixador para tratar assuntos humanitários, após a invasão da Ucrânia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda, Simon Coveney, admitiu a possibilidade de mandar sair diplomatas russos, em resposta a uma onda de protestos dos cidadãos e da maioria dos partidos da oposição, que pedem a expulsão do embaixador russo em Dublin, Yury Filatov.

"Compreendo perfeitamente os seus sentimentos e descontentamento, mas sou ministro dos Negócios Estrangeiros e tenho de pensar também nos interesses dos cidadãos irlandeses na Rússia e na Ucrânia", disse Coveney.

O chefe da diplomacia irlandesa insistiu que "algum tipo de canal diplomático" e modelo de comunicação com Moscovo devem ser mantidos para proteger os "interesses humanitários dessas pessoas", independentemente do "que acontecer nos próximos dias ou semanas".

"Isso não significa que não vamos expulsar diplomatas e, de facto, talvez sim... Mas não acho inteligente expulsar o embaixador russo e perder a presença da Rússia na Irlanda que nos permite ter uma linha direta com Moscovo", explicou Coveney.

O ministro disse ainda que o seu país pretende atuar em consonância com os demais parceiros da União Europeia, que se reúnem hoje para estudar uma resposta coordenada sobre a questão dos diplomatas russos.

A Rússia lançou na passada quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.