A Guerra Mundo

Rússia enfrentará sanções de EUA e aliados da NATO, UE e G7

None
Foto EPA

A Rússia, que esta madrugada lançou uma ofensiva em três frentes sobre a Ucrânia, enfrentará sanções impostas pelos Estados Unidos da América (EUA) e seus aliados da NATO, União Europeia (UE) e G7.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou hoje que os EUA e os seus aliados vão reforçar sanções à Rússia e que o dispositivo da NATO na Alemanha será reforçado com tropas norte-americanas, após a invasão russa da Ucrânia.

"Putin escolheu esta guerra" na Ucrânia, e o Presidente russo e a Rússia "suportarão as consequências de novas sanções", disse Biden, numa declaração à imprensa, acrescentando que "cada centímetro do território da NATO será defendido".

Horas antes, Joe Biden tinha já indicado que os líderes do G7 (as sete maiores economias do mundo) tinham concordado, numa reunião virtual, impor "sanções devastadoras" à Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia.

"Esta manhã, reuni com meus homólogos do G7 para discutir o ataque injustificado do Presidente Putin à Ucrânia e concordámos em avançar com pacotes devastadores de sanções e outras medidas económicas para responsabilizar a Rússia", escreveu Biden na rede social Twitter.

Por sua vez, o chanceler alemão, Olaf Scholz, advertiu hoje o Presidente russo para não "subestimar" a determinação da NATO em defender os seus membros e exortou-o a retirar as tropas da Ucrânia e a revogar o reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk, as regiões separatistas do leste ucraniano cujo reconhecimento por Putin, na segunda-feira, lhe proporcionou o pretexto para o envio de "forças de manutenção de paz" russas para esses territórios.

Tanto a Europa como os "aliados norte-americanos" estão determinados em "impedir" que o conflito se propague a outras partes do continente, disse Olaf Scholz, aludindo aparentemente aos Estados Bálticos (Letónia, Estónia e Lituânia), Polónia, Eslováquia e Roménia.

"Esta é a guerra de Putin, não a guerra de toda a Rússia", disse o chanceler alemão, numa mensagem televisiva aos concidadãos, na qual responsabilizou o Presidente russo pela invasão da Ucrânia.

Scholz advertiu que Putin irá enfrentar a coesão de toda a comunidade internacional e recordou que a UE e o G7 estão determinados a adotar sanções conjuntas.

O chanceler alemão aludiu tanto à cimeira do G7 hoje realizada virtualmente, convocada pela presidência rotativa alemã do grupo das sete grandes potências, como àquela que terá lugar, em formato presencial, esta noite em Bruxelas entre os chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros da UE.

À chegada à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, onde decorrerá a cimeira extraordinária dos líderes da UE para discutir a resposta à agressão militar da Rússia à Ucrânia, o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, afirmou esperar que o pacote de sanções a Moscovo seja aplicado "tão rapidamente quanto possível" e defendeu sanções financeiras adicionais, "não que ladrem, mas que mordam".

"Esta noite, não precisamos de grandes declarações, o que precisamos é de decisões fortes. E decisões fortes significa sanções duras. Não sanções que ladrem, mas sim que mordam, com grande impacto na Rússia", disse Alexander de Croo,

O primeiro-ministro disse que, "para a Bélgica, o pacote de sanções que está hoje sobre a mesa deve ser lançado tão rapidamente quanto possível", mas "é preciso reforçá-lo com sanções financeiras adicionais, para dificultar o acesso das instituições financeiras e empresas russas aos mercados financeiros internacionais".

"O que precisamos de decidir ao nível europeu é como contra-atacar. E devemos contra-atacar atingindo a elite na Rússia, o complexo económico militar, e isso podemos fazer com sanções. Creio que o pacote de sanções sobre a mesa é um bom pacote, mas deve ser alargado, e alargado com medidas financeiras. O nosso alvo não é a população russa, é o regime. O que é importante é atingir a economia russa", disse.

A cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE, com início agendado para as 20:00 de Bruxelas (19:00 de Lisboa), foi convocada de urgência na quarta-feira pelo presidente do Conselho Europeu, mas ainda antes de Moscovo ter ordenado uma operação militar em grande escala na Ucrânia, iniciada de madrugada.

Os líderes dos 27, entre os quais o primeiro-ministro português, António Costa, deverão discutir a adoção de um novo pacote de sanções da UE à Rússia, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já prometeu hoje de manhã que serão "pesadas".

Por sua vez, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou hoje que vai proibir a companhia aérea russa Aeroflot no Reino Unido e congelar os ativos do banco VTB, num novo pacote sanções para castigar a Rússia pela invasão da Ucrânia.

Numa declaração no Parlamento, Johnson disse que as novas sanções vão "excluir totalmente os bancos russos do sistema financeiro britânico", impedindo que os pagamentos passem pelo Reino Unido.

O VTB é um dos maiores bancos da Rússia, com ativos estimados de 154.000 milhões de libras (184.000 milhões de euros), tendo estado envolvido no processo das "dívidas ocultas" em Moçambique.

As medidas vão ser tomadas em conjunto com os EUA, vincou, com o objetivo de atingir as empresas russas, cujas transações são feitas, em cerca de metade, em dólares norte-americanos e libras esterlinas.

O Governo vai também proibir empresas estatais e privadas russas de angariar financiamento ou comercializar títulos no Reino Unido e limitar o valor monetário que pode ser depositado em contas bancárias no Reino Unido.

As sanções vão estender-se à Bielorrússia por ter acolhido algumas das tropas que invadiram a Ucrânia, resultando, no total, no congelamento de bens de mais uma centena de novas entidades e indivíduos a somar às centenas já sujeitas a sanções.

O Governo britânico vai também impor "controlos rigorosos" sobre alguns componentes eletrónicos, de telecomunicações e aeroespaciais.

"Estas sanções vão limitar as capacidades militar, industrial e tecnológica da Rússia durante muitos anos", prometeu.

Outra medida é a criação de uma "Célula contra a Cleptocracia" na Agência de Combate ao Crime para identificar a evasão às sanções e bens russos escondidos no Reino Unido.

"Isso implica que os oligarcas em Londres não vão poder esconder-se", disse.

Legislação para tornar mais transparente a propriedade de imobiliário e empresas também vai ser introduzida que pode atingir investidores russos.

Porém, Londres não avançou com a exclusão da Rússia do sistema de pagamentos bancários SWIFT, alegando ser necessária a "unidade dos parceiros no G7 e outros grupos".

Johnson considerou este "o maior e mais severo pacote de sanções económicas que a Rússia já viu", o qual foi aprovado pelos partidos da oposição.

Depois de ter participado esta tarde numa videoconferência com líderes do G7, o primeiro-ministro britânico revelou que vai participar numa reunião de líderes dos países da NATO na sexta-feira.

A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".

O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.