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Intenções "bélicas" da Rússia na Venezuela condenadas pela oposição

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Foto AFP/Arquivo

A oposição venezuelana condenou hoje as alegadas intenções russas de usar a Venezuela com fins bélicos para pressionar os Estados Unidos, e manifestou apoio ao Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Condenamos as pretensões da Rússia de usar o território venezuelano com fins bélicos, tal como já denunciamos", disse o líder opositor Juan Guaidó.

O político falava durante uma reunião com deputados opositores eleitos em 2015, durante a qual sublinhou que "o papel da oposição no conflito, continua a ser o de recuperar a democracia na Venezuela, distanciando-nos das pretensões de invasão da Ucrânia pela Rússia".

Guaidó sublinhou ainda que a oposição venezuelana também "condena que Cuba e Nicarágua usem o território venezuelano para promover os seus regimes".

Esta foi a segunda vez que a oposição venezuelana expressou solidariedade com a Ucrânia, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk e ordenar a mobilização de militares para operações de "manutenção de paz" nestes territórios ucranianos.

"Rejeitamos e ignoramos essas supostas 'repúblicas' controladas pela Rússia e exigimos respeito pelo direito de cada povo de escolher o destino de forma autónoma", disse a oposição em comunicado à imprensa, pedindo que esse reconhecimento fosse "incondicionalmente repudiado" por todos os democratas, que "enfrentam o autoritarismo global" em todas as suas formas.

O Presidente Nicolás Maduro manifestou em 17 de fevereiro apoio à Rússia perante as ameaças ocidentais.

"A Rússia conta com todo o apoio da República Bolivariana da Venezuela na luta que está a travar para dissipar as ameaças da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e do mundo ocidental. A Rússia conta com todo o apoio para dissipar todas as ameaças e para que continue a ser um território de paz", disse o Presidente Nicolás Maduro em Caracas, durante uma visita do vice-primeiro-ministro da Rússia, Yuri Ivanovich Borisov.

"As relações entre a Rússia e a Venezuela cada vez adquirem maior nível estratégico, maior qualidade e profundidade no seu resultado e maior força histórica", adiantou.

Segunda-feira, o Partido Socialista Unido da Venezuela (no poder) defendeu que "a Rússia tem todo o direito a defender a sua posição e o seu território".

"A Rússia realiza manobras com a Bielorrússia e dá-lhes (aos EUA e à Europa) taquicardia. É compreensível porque essa gente está habituada a fazer o que quer no mundo", disse aos jornalistas o vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello.

Em 13 de janeiro, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov, disse à televisão RTVI TV, que "não confirma nem exclui" a possibilidade de a Rússia enviar equipamentos militares para Cuba e Venezuela, no caso de falhanço das conversações e de um aumento da pressão dos EUA sobre a Rússia, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).

Riabkov, que conduziu a delegação russa nas recentes conversações com os EUA em Genebra, notou que "tudo depende da ação" norte-americana, assinalando que o Presidente Putin já avisou que Moscovo pode adotar medidas técnico-militares caso Washington provoque o Kremlin e acentue a sua pressão militar.