Alterações Climáticas Madeira

João Clode desafia cidadãos a agir já porque ”alterações climáticas não são ficção”

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O biólogo marinho madeirense João Clode desafiou a população a agir no imediato, tanto colectivamente como individualmente, para limitar o aquecimento global a 1,5 graus nos próximos 30 anos, caso contrário as consequências serão trágicas, com eventos extremos, como incêndios, secas e cheias.

Falando no TEDxFunchal 2022, que decorre esta tarde, no Centro de Congressos da Madeira, o especialista deu um exemplo pessoal, explicando como a sua casa foi consumida pelas chamas no grande incêndio de 2016: “Os fogos florestais são um dos sintomas desta doença que afecta o planeta actualmente que são as alterações climáticas. Furacões, tempestades, cheias e secas. As alterações climáticas não são uma ficção, são a realidade”.

Como os outros biólogos marinhos, João Clode está preocupado com o que se passa nos oceanos. A principal ameaça à diversidade da vida marinha é a destruição de habitats. Lixo marinho (redes e outros objectos que permanecem no mar) e espécies invasoras (transportadas por navios de umas zonas para outras) são outras ameaças.

Para os biólogos marinhos é importante obter dados sistemáticos. E desde 2017 que a equipa de João Clode integra a instituição Smithsonian que está a estudar o real impacto das alterações climáticas. Em 2022, o Governo Regional decidiu aumentar em 22 vezes a área protegida das Ilhas Selvagens. No entanto, o orador alertou que “não podemos proteger aquilo que não conhecemos”. Daí defender a necessidade de se investigar a zona de mar profundo, que “tem muito potencial”. “Já fizemos mergulho até mil metros de profundidade. Sempre que fomos [ao mar profundo da Madeira] descobrimos algo interessante”. “A Madeira em si já é um navio oceanográfico. Nunca vamos ter os recursos da Alemanha, EUA e Reino Unido e então temos que apostar em algo que somos bons, na criatividade, na tecnologia ‘low cost’ (que ocorre na nossa equipa) e em quadros técnicos e de investigação de valor”, acrescentou, sublinhando que o mar profundo pode dar um contributo no mitigar das alterações climáticas, armazenando o dióxido de carbono e desacelerando o aquecimento global.

De resto, João Clode terminou com um desafio à acção colectiva e individual no combate às alterações climáticas. É que “se fizermos alguma coisa colectivamente, se tentarmos diminuir as emissões de carbono, apostarmos nas energias renováveis, aumentarmos as áreas protegidas tanto no mar como em terra, se tivermos políticas sérias de reflorestação e, sobretudo, se ouvirmos a comunidade científica, se virmos os dados e não ‘fake news’ e telenovelas que não interessam para nada, aí o que os dados dizem é que o mundo vai aquecer 1,5 graus daqui a 30 anos, mas vai aquecer, mas de qualquer forma será um pouco mais suave”.

Já individualmente, cada cidadão deverá falar sobre este assunto com amigos e familiares. O biólgo terminou a intervenção ciitando a jovem activista Greta Thunberg, que afirmou que temos que agir agora, porque só temos um planeta.