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Chefe da diplomacia canadiada diz que China é "uma potência global cada vez mais perturbadora"

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A chefe de diplomacia canadiana, Mélanie Joly, considerou hoje a China "uma potência global cada vez mais perturbadora", num discurso em que apresentou a nova estratégia do Governo do primeiro-ministro Justin Trudeau para a região do Indo-Pacífico.

Numa nova tomada de posição crítica contra Pequim, depois de Trudeau ter acusado esta terça-feira a China de "interferir agressivamente" nos processos eleitorais do Canadá, Joly comprometeu-se a denunciar as violações dos direitos humanos do gigante asiático contra a comunidade Uighur e outras minorias na região de Xinjiang, a apoiar a liberdade de expressão em Hong Kong e a reforçar as relações bilaterais com Taiwan.

"Continuaremos a opor-nos a ações unilaterais que ameacem o 'status quo' no Estreito de Taiwan", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que o Canadá "aprofundará os laços económicos com Taiwan", de acordo com a Bloomberg.

Ottawa, que tem sido relutante em criticar Pequim no interesse de promover os laços económicos e comerciais com a China, assume agora a determinação em manter os "olhos abertos" na relação de negócios com a China.

"A minha função é dizer-lhes [aos empresários canadianos] que existem riscos geopolíticos", afirmou a chefe da diplomacia, instando-os a expandirem os seus negócios para além da China a outras potências asiáticas, como o Japão e a Coreia do Sul, bem como ao Vietname, Indonésia, Malásia, Tailândia e ao Camboja.

O Canadá deu na semana passada ordem a investidores chineses para venderem as respetivas participações em três empresas canadianas de mineração de lítio, no quadro de um endurecimento das regras de investimento estrangeiro impostas no setor.

No domínio das telecomunicações, Ottawa tomou igualmente medidas contra a gigante chinesa Huawei no sentido de proibir a tecnologia 5G no Canadá.

Trudeau afirmou esta terça-feira, numa reação a uma série de investigações divulgadas pela rede de televisão Global News, que a China financiou alegadamente, pelo menos, uma dúzia de candidatos no período que antecedeu as eleições presidenciais e acusou Pequim de "interferir agressivamente" na política canadiana.

"Demos passos significativos para reforçar a integridade dos nossos processos eleitorais e continuaremos a investir na luta contra a interferência, contra a interferência estrangeira na nossa democracia e instituições", afirmou.