Madeira

SPEA apela à redução das luzes no sábado pelas aves

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No âmbito do Dia Mundial das Aves Migratórias, celebrado amanhã, 8 de Outubro, surge um apelo da Organização das Nações Unidas, reforçada a nível regional pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA Madeira): "Reduza as luzes pelas aves". Um tema que, diz, tem vindo a trabalhar desde 2009.

"Mais de 80% da população mundial (99% na América do Norte e Europa) vive sob céu iluminado", refere. "Para além dos problemas de saúde causados nos humanos, todos os anos, milhões de aves morrem por causa da poluição luminosa, que altera os padrões da luz natural nos ecossistemas", argumenta.

Continua, dizendo que "o grupo das aves é um dos mais afectados por este problema – quer durante a migração nocturna, em que os focos de luz artificial das cidades causam o encandeamento das aves, podendo causar o desvio da rota, quer, no caso dos juvenis de aves marinhas, atraindo-as para os centros das cidades onde, muitas vezes feridas, não conseguem chegar ao mar. Mesmo feixes de luz de baixa potência perturbam de forma intensa estes animais", justifica o apelo.

"A SPEA tem-se dedicado à mitigação desta problemática há mais de uma década" e, por isso, diz que "felizmente, o conceito de boa iluminação pública face à poluição luminosa já está a evoluir. Esta nova consciência de que se trata de uma ameaça e que impacta não só a biodiversidade, mas também na saúde humana, tem contribuído para a implementação de medidas correctivas na rede de iluminação pública e privada da região", citam Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira e do projecto LIFE Natura@night.

Este ano, "a campanha internacional das Nações Unidas não trata apenas de aumentar a consciencialização sobre os efeitos negativos da poluição luminosa nas aves migratórias, mas também de desencadear compromissos concretos entre países, cidades e outras partes interessadas na redução e mitigação dos efeitos deste problema crescente", acrescentam. "A coordenadora exemplifica o projecto LIFE Natura@night no qual "estão a ser dados importantes passos nessa direção. Na Macaronésia, são 8 os municípios que já meteram as mãos à obra para alterar a sua iluminação pública de forma a que seja mais eficiente e menos prejudicial para a natureza. É um grande motivo de orgulho para nós liderar esta parceria", diz.

"Estes efeitos negativos podem ser reduzidos através da adopção de boas práticas como, por exemplo, reduzir o número de fontes de luz artificiais em áreas costeiras; desligar as luzes durante as épocas de migração; utilizar temporizadores ou sensores de movimento; utilizar blindagem para direcionar a luz para onde é preciso; utilizar luminárias de baixa intensidade e de temperaturas quentes, diminuindo a difusão de luz artificial para a atmosfera", exemplifica a SPEA sobre medidas eficazes.

Mas não só os municípios que podem fazer algo, pois "qualquer cidadão tem um papel determinante em tornar as noites mais seguras para as aves", incentiva a SPEA