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Pelo menos oito feridos em incêndio e confrontos na maior prisão de Teerão

Foto DR/www.aa.com.tr
Foto DR/www.aa.com.tr

Pelo menos oito pessoas ficaram hoje feridas durante um incêndio e confrontos na principal prisão de Teerão onde estão detidos presos políticos, informaram os 'media' oficias iranianos.

"Não houve mortos neste acidente e estão registados oito feridos", indicou uma fonte dos serviços de segurança à agência noticiosa estatal IRNA.

De acordo com o mesmo responsável, diversos presos atearam fogo ao armazém de roupa, provocando um incêndio e confrontos entre detidos e funcionários da prisão Evin, onde também são encarcerados presos políticos.

"A situação está totalmente sob controlo, e mantém-se a paz na prisão", acrescentou a mesma fonte.

A agência noticiosa Mizan, dependente do poder judicial, divulgou uma versão semelhante e acrescentou que "o fogo foi contido e extinto" totalmente.

"A polícia ajudou a estabelecer rapidamente a paz em Evin", indicou esta agência, ao sublinhar que o incidente foi iniciado por presos de delito comum.

"O tumulto foi controlado", acrescentou.

Por sua vez, o diário reformista Shargh informou que se registaram explosões no interior da prisão e que as estradas junto ao estabelecimento foram encerradas pela polícia.

Ativistas divulgaram nas redes sociais vídeos da prisão onde era visível um grande incêndio e se escutavam disparos e explosões. Também foram ecoados gritos de "morte ao ditador", numa referência ao líder supremo do Irão, Ali Khamenei.

A prisão de Evin, situada a oeste de Teerão, possui uma área de 40 hectares e alguns dos seus módulos estão controlados pelo poder judicial, enquanto outros dependem do ministério das Informações e os serviços de informações dos Guardas da Revolução, força de elite do regime.

Diversas organizações de direitos humanos denunciam com frequência a prática de tortura nesta prisão, onde se encontram numerosos detidos considerados presos políticos, e ainda reclusos com dupla nacionalidade.

Os incidentes na prisão de Evin coincidem que os protestos provocados pelo morte de Masha Amini, 22 anos, em 16 de setembro, após ser detida pela polícias dos costumes em Teerão por uso incorreto do véu islâmico, obrigatório para as mulheres.

Após a morte da jovem curda, com versões contraditórias, foram desencadeados protestos em numerosas cidades do país, sobretudo protagonizados por jovens e que hoje prosseguiram apesar da forte repressão das forças de segurança.

Ativistas iranianos apelaram a novas manifestações contra o Governo hoje em todo o Irão, um mês após o início do movimento de protesto desencadeado pela morte Mahsa Amini.

A organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, sediada em Oslo, refere-se a 108 mortos, incluindo 23 menores, desde o início dos protestos.

Muitos dos milhares de detidos nos protestos estão atualmente detidos em Evin.