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Palavras de Macron sobre os não vacinados estão a gerar polémica em França

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Foto EPA

A recente entrevista do Presidente francês, Emmanuel Macron, na qual afirmou querer "chatear" os não vacinados, dificultando-lhes a vida, está a suscitar fortes reações em França, com a Assembleia Nacional a adiar a decisão sobre o passe vacinal.

Numa entrevista ao jornal Le Parisien, conhecida na terça-feira à noite, o chefe de Estado francês garantiu que está determinado em "chatear" os não vacinados contra a covid-19 "até ao fim" limitando-lhes, tanto quanto possível, o acesso a atividades sociais.

"Quero realmente irritar os não vacinados. E assim vamos continuar a fazê-lo até ao fim. É essa a estratégia", frisou Macron na entrevista.

Estas palavras de Macron foram conhecidas numa altura em que a transformação do atual passe sanitário em passe vacinal ainda estava a ser discutida na Assembleia Nacional, o que levou que as forças da oposição no parlamento francês pedissem a suspensão da sessão.

Várias trocas acesas de argumentos surgiram entre os deputados, com a oposição a reclamar a presença no hemiciclo do primeiro-ministro francês, Jean Castex.

Os trabalhos parlamentares seriam suspensos já durante a madrugada.

"Acho que podemos concordar que não estão reunidas as condições de trabalho sereno para continuar esta sessão", disse Marc Le Fur, deputado da maioria que estava a presidir à sessão.

No hemiciclo, Nicolas Dupont-Aignan, deputado da extrema-direita e candidato à presidência, considerou que "as palavras do Presidente desonram" a sua função e a Assembleia.

Já o presidente da força política Os Republicanos (direita), Christian Jacob, disse não querer aprovar um diploma que serve para "chatear" os franceses.

Já esta manhã, Valérie Pécresse, candidata presidencial dos Republicanos, afirmou que é preciso "acabar com este mandato de desprezo".

Outra frase da entrevista de Macron que está a chocar a opinião pública francesa prende-se com o facto de o Presidente ter dito que "um irresponsável não é um cidadão", uma afirmação que chocou muitos franceses, nomeadamente os cerca de cinco milhões que escolheram não se vacinar contra a doença covid-19.

Na terça-feira, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, anunciou que o país tinha registado quase 300.000 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, num contexto ainda marcado pela vaga associada à nova variante Ómicron.