II Carta aos socialistas

Sérgio Gonçalves e os seus promotores tudo farão para dificultar o voto livre dos militantes, como vos hei de provar. Disse-vos, na primeira carta, que nada como bramir o “inimigo” para calar as vozes que querem o debate democrático e livre no partido. Hoje, digo-vos que tenho uma Missão Impossível se cada um não cumprir o seu dever. Paulo Cafôfo e Carlos Pereira, os promotores, estabeleceram uma Tratado de Tordesilhas para dividir poder no partido e nomearam como executante dessa tarefa o liberal Sérgio Gonçalves.

Na verdade, esse pacto implicava não haver candidaturas alternativas, por isso era preciso obstruir qualquer militante de apresentar uma candidatura alternativa não prevista. O Candidato de Sistema Único mantém o silêncio a que se remeteu invocando eleições externas, mas visando paralisar, por todos os meios, incluindo tornar refém a COC, Comissão Coordenadora do Congresso, para que nada ande, nada se mova, porque eles são o centro do poder interno e, nesse silêncio de chumbo, que pesa sobre a democracia interna, cumprir o plano traçado. Estando em marcha o processo de recolha de assinaturas, como prevêem os estatutos, a COC está impedida de avançar, não por vontade própria, mas por estar, de facto, e contra o Direito, a seguir a estratégia da Candidatura do Sistema Único.

O grande objetivo não é, sequer, para os promotores deste Tratado de Tordesilhas espúrio, espúrio porque não é filho legítimo dos princípios do Partido, promover a sua candidatura, que consideram uma emanação do Direito Divino, como no Antigo Regime, ante 1789, mas impedir qualquer outra candidatura. Verdade que, aliás, querem impor, ilegitimamente, aos media. Imaginem só esta gente a governar a Região. É preciso, é urgente, é necessário afastar, quanto antes, esta clique do poder no interior do Partido. Seria uma catástrofe para a vida democrática da Região e uma tragédia para a história do Partido. Quem não convive bem com uma candidatura alternativa do poder interno instalado e asfixiado, naturalmente, faria o mesmo, uma vez conquistado o poder regional.

Se vierem a governar o Partido com esta falta de legitimidade democrática interna, perderiam a força moral, política e ética para denunciar os desmandos da Direita nestes quase 48 anos de poder. Se os fautores deste pacto se apossarem dos comandos no Partido, estará instalada a real impossibilidade de aparecer alternativas de outros setores do partido.

Por isso, se torna imperativo para impositores desta Candidatura de Sistema Único agir depressa para calar qualquer voz, qualquer movimento, qualquer candidatura que possa pôr em causa o poder supremo de um grupo que julga que os militantes só têm de assinar de cruz, militantes dos quais não querem saber senão para votar, querem lá saber em que dificuldades se encontram para votar, se podem ou não pagar as quotas, um absurdo em pleno século XXI, tanto mais que os partidos vivem das subvenções do Estado.

A COC que trate também de cuidar que todos o militantes possam votar, promovendo o processo de medidas excecionais, como fez o Governo do PS, sem ferir os estatutos.

Em tempo de crise, pagar para votar, é a Democracia a definhar! A 30 de janeiro, ninguém vai pagar para votar, sob pretexto nenhum. Os Partidos são essenciais em democracia. E os militantes não são menos que os outros cidadãos.

P. S. Continuo à espera, desde o início do processo, que a COC crie as condições democráticas necessárias para a igualdade das candidaturas, como fazem as outras Federações do PS. Os madeirenses não podem ser diferentes dos outros portugueses!

Miguel Fonseca